O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, afirmou nesta quarta-feira (12) ter participado de uma festa durante o lockdown do Reino Unido, mas justificou que acreditava se tratar de uma reunião de trabalho.
O encontro aconteceu no dia 20 de maio de 2020, durante o primeiro bloqueio da pandemia, no jardim de Downing Street, sede do governo. No pedido de desculpas, Johnson argumentou ainda que “tecnicamente” não infringiu as regras.
“Sei que milhões de pessoas neste país fizeram sacrifícios extraordinários nos últimos 18 meses. Conheço a raiva que sentem de mim e do governo que lidero quando pensam que as regras não estão sendo seguidas pelas pessoas que as fazem”, disse ao Parlamento.
“Quando entrei naquele jardim pouco depois das seis horas em 20 de maio de 2020 para agradecer a um grupo de funcionários por 25 minutos, acreditei implicitamente que era um evento de trabalho. Em retrospectiva, entendo que deveria ter mandado todos de volta para dentro”, completou.
O líder trabalhista, Keir Starmer, rejeitou a versão dos acontecimentos e pediu ao premiê que renuncie. “A questão é: o povo te expulsará, seu partido te expulsará, ou você terá a decência de renunciar?”, questionou.
Starmer se referiu a Johnson como um “homem sem vergonha” e alguém que o público acreditava ser um mentiroso, dizendo ainda que ele estava tentando fugir de suas responsabilidades. Na época da divulgação das festas, o premiê se disse furioso por ter sido enganado por membros de seu próprio governo.
A confissão ocorreu depois que um e-mail veio à tona no qual 100 convidados foram convidados para uma festa em Downing Street em 20 de maio de 2020. “Tragam sua própria bebida para aproveitar o clima ensolarado”, dizia a mensagem.
O primeiro-ministro disse ainda que é importante que Sue Gray, responsável pelas investigações, possa concluir o seu relatório. Após as declarações, Starmer voltou a criticar o chefe de Estado e disse que a sua defesa de que não sabia se tratar de uma festa soa como um insulto e um desrespeito ao povo britânico.
“Ele finalmente foi forçado a admitir o que todos já sabiam, que quando o país todo estava fechado, ele estava organizando festas e bebedeiras na sede do governo. Haverá, finalmente, a renúncia?”, afirmou.
O líder trabalhista citou ainda os casos do ex-secretário de saúde, Matt Hancock, e da ex-secretária de imprensa, Allegra Stratton, que renunciaram após escândalos de furo de bloqueio durante a pandemia.
Nesta quarta, Boris Johnson evitou seu estilo combativo no Parlamento, preferindo se desculpar repetidamente ao invés de iniciar um conflito. No entanto, ele pediu para que a oposição aguarde o fim das investigações e usou sua palavra final para falar sobre o histórico de seu governo no combate à Covid-19.