Passados seis meses de seu governo, o presidente Jair Bolsonaro finalmente visitará a Argentina no próximo dia 6 de junho, quando se encontrará pela segunda vez com Mauricio Macri, informou o Itamaraty nesta quarta-feira, 24. A visita à Argentina tradicionalmente era a primeira de um novo presidente. Mas, na gestão de Bolsonaro, caiu para o quarto destino internacional.
O encontro em Buenos Aires se dará bem no início da disputa de Macri por seu segundo mandato, nas eleições de novembro. A definição da data levou em consideração o calendário eleitoral argentino, de forma a impactar o menos possível nas ambições do presidente argentino.
Há expectativas de manifestações contrárias à presença de Bolsonaro por causa de suas declarações em favor dos regimes de exceção e elogios a ditadores e torturadores.
O encontro entre Macri e Bolsonaro deverá se concentrar nas questões bilaterais, como o comércio agora impactado pelas medidas de congelamento de preços na Argentina, no desafio do Mercosul de concluir a negociação de livre comércio com a União Europeia e na solução para a crise política da Venezuela.
Parte dessa agenda já havia sido tratada pelos dois líderes durante a visita de Macri a Brasília, no último dia 16 de janeiro. Naquela reunião, Bolsonaro e Macri renovaram a aposta dos dois governos em um Mercosul fortalecido e aumentaram a pressão política sobre o presidente venezuelano, Nicolás Maduro.
Por meio de nota, o Itamaraty limitou-se a informar que o encontro de junho “possibilitará que os dois presidentes deem contornos claros aos novos rumos do relacionamento e confiram o necessário impulso político aos tópicos prioritários da pauta bilateral”.
A visita foi preparada em duas oportunidades neste mês. Primeiro, na viagem do chanceler Ernesto Araújo a Buenos Aires e, depois, na vinda da vice-presidente da Argentina, Gabriele Michetti, a Brasília.
A Argentina é o principal parceiro econômico do Brasil no Mercosul e sempre foi o primeiro país visitado pelos presidentes brasileiros, mas Bolsonaro, no poder desde 1º de janeiro, quebrou essa tradição e visitou primeiro Estados Unidos, Chile e Israel, países que considera parceiros prioritários.
Brasil e Argentina oficializaram recentemente suas decisões de deixar a União de Nações Sul-Americanas (Unasul) e assinaram, em março no Chile, o documento de criação do Fórum para o Progresso e Desenvolvimento da América do Sul (Prosul), inicialmente constituído por governos de direita. A intenção dos membros do Prosul é de ver esse fórum substituir a Unasul, considerada por eles como uma organização regional de esquerda.
A Unasul foi criada em 2008 como um projeto progressista impulsionado pelos então presidentes Hugo Chávez, da Venezuela, Luiz Inácio Lula da Silva, do Brasil, e Cristina Kirchner, da Argentina.
(Com EFE)