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Bolsonaro apresenta perspectiva ambiental que não condiz com a realidade

Especialistas argumentam que dados usados pelo presidente em discurso na ONU distorcem realidade da proteção ambiental no Brasil

Por Julia Braun Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 21 set 2021, 12h35
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  • Em sua participação na Assembleia-Geral da ONU nesta terça-feira, 21, Jair Bolsonaro dedicou parte de seu discurso a defender as ações de seu governo para a proteção ambiental. O presidente utilizou dados oficiais para apresentar uma perspectiva positiva em relação ao tema, mas especialistas argumentam que os números foram usados de forma desonesta.

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    “O governo Bolsonaro não tem nenhum compromisso com o clima. Sob sua gestão, todos os indicadores nesta agenda só pioraram. Se o comportamento dos demais líderes globais fosse o mesmo do presidente brasileiro, a meta de estabilizar o aquecimento global em 1,5oC seria inalcançável”, afirma o secretário executivo do Observatório do Clima, Marcio Astrini.

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    Em sua fala, o presidente disse que houve uma redução de 32% do desmatamento da Amazônia no mês de agosto, quando comparado a agosto do ano anterior. A cifra foi registrada pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e divulgada pelo governo federal no início de setembro.

    O mesmo período, porém, foi analisado pelo Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD) do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), que publicou dados bastante diferentes. A instituição de pesquisa, que monitora a região por satélite, afirma que foram desmatados 1.606 km² de floresta em agosto deste ano, o que é 7% maior do que o registrado em agosto de 2020.

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    Ainda de acordo com o Imazon, a área desmatada da Amazônia em agosto é a maior para o mês em dez anos. Entre janeiro e agosto desde ano, já foram destruídos 7.715 km² de floresta, o pior índice da década e que chega a ser 48% maior do que o registrado no mesmo período do ano passado.

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    De acordo com o Observatório do Clima, o desmatamento cresceu por dois anos consecutivos no governo Bolsonaro e, neste terceiro, deve manter o patamar de 10 mil km2, ampliando as emissões de gases de efeito estufa do país. Nos cinco anos anteriores ao governo Bolsonaro, a média de desmatamento na Amazônia foi de 6.719 km2, segundo o Inpe. Já nos dois primeiros anos da atual gestão a média foi de 10.490 km2, um aumento de 56%.

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    Bolsonaro afirmou ainda que o Brasil possui 8,5 milhões de quilômetros quadrados, dos quais 66% são vegetação nativa, e que essa mata é “a mesa desde o seu descobrimento, em 1500”. Porém, segundo o projeto Mapbiomas, que envolve ONGs, universidades e empresas de tecnologia, entre 1985 e 2019, 10% da vegetação do território nacional foi perdida.

    O levantamento da organização mostra que 9,3% da mata natural do país é secundária, ou seja, já foi desmatada em algum momento e voltou a crescer. O Mapbiomas aponta ainda que o uso da terra para a agropecuária foi responsável por 90% da perda de vegetação natural do Brasil.

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    “Desde o início do mandato, Bolsonaro promoveu uma agenda de destruição ambiental. Não será um discurso de 10 minutos que mudará essa realidade”, conclui Astrini.

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