Quase um ano após as caóticas eleições de 2019, a Bolívia volta às urnas neste domingo, 18, para escolher seu novo presidente. O cenário é incerto, mas as principais pesquisas sugerem um segundo turno entre o candidato do partido de Evo Morales, MAS (Movimento ao Socialismo), Luis Arce, e seu principal rival, o ex-presidente Carlos Mesa.
Apenas algumas horas antes da votação, o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) suspendeu o sistema que pretendia atualizar a contagem de votos de maneira mais ágil e com informes dos resultados parciais. O órgão informou ainda, que a medida foi aprovada pelos observadores internacionais.
O sistema havia sido questionado no ano passado por levantar incertezas sobre o resultado e por ter sido interrompido quando a contagem já estava em mais de 80% dos votos. O tribunal alegou que somente haverá a contagem voto-a-voto. Com isso, não será possível divulgar os resultados ainda na noite deste domingo.
As eleições presidenciais e legislativas deste ano, que foram adiadas três vezes devido à pandemia, substituem as acirradas eleições de outubro de 2019, que geraram protestos que levaram à renúncia de Evo Morales.
O ex-presidente foi acusado de fraude depois que a contagem rápida dos votos foi suspensa no momento em que a apuração apontava para um segundo turno entre Evo e Mesa. O órgão eleitoral só voltou a contar no dia seguinte, com outro método, que deu vitória em primeiro turno ao então presidente. Morales ainda concorria ao cargo contra a Constituição boliviana e um referendo popular, que não lhe deu direito a um quarto mandato.
Diante dos protestos que questionaram o resultado, as Forças Armadas exigiram a renúncia de Evo. O ex-presidente e seus apoiadores classificam o desfecho como “golpe militar”, enquanto a oposição apoiou a decisão. A violência deu o tom das semanas seguintes, e os confrontos entre militares e manifestantes pró-Evo deixaram mais de 30 mortos.
Neste ano, a capital La Paz foi militarizada já na noite de sábado e um toque de recolher foi aplicado por todo o país. Também está em vigor a lei seca, que impede a venda e o consumo de bebidas alcoólicas.
Após deixar o poder, Evo se asilou no México e, em seguida, na Argentina, onde vive até hoje. O ex-presidente tentou concorrer nestas eleições como senador, mas a Justiça eleitoral barrou sua candidatura.
A presidência boliviana foi assumida de forma interina desde novembro do ano passado pela então segunda vice-presidente do Senado, a opositora Jeanine Áñez. A advogada desistiu de concorrer ao cargo maior em setembro e pediu união contra a candidatura de Arce.