A equipe jurídica que representa as supostas vítimas de abusos sexuais cometidos pelo ex-proprietário da luxuosa loja de departamento Harrods, em Londres, Mohamed Al-Fayed, afirmou nesta sexta-feira, 20, que o falecido bilionário era um “monstro”, comparando o caso aos de Jimmy Savile, Jeffrey Epstein e Harvey Weinstein.
Os advogados que atuam para as 37 mulheres que acusam Fayed de abusá-las sexualmente disseram que entrariam com um processo civil contra a Harrods por acobertar os crimes durante anos. Fayed é pai de Dodi Al-Fayed, que teve um relacionamento com a Diana, princesa de Gales. Os dois morreram no mesmo acidente de carro em Paris em 1997.
“Nunca tinha visto um caso tão horrível quanto este”, disse Dean Armstrong, um dos advogados das vítimas, durante uma coletiva de imprensa em Londres.
Armstrong comparou o caso de Fayed ao de Jimmy Savile, personalidade da televisão britânica revelada como um agressor sexual em série após sua morte, destacando que, em ambos os casos, as instituições em que atuavam encobriram os crimes. “Esta é e foi uma falha sistemática da responsabilidade corporativa, falha que está nos ombros de Harrods”, disse o advogado.
Fayed, que morreu em agosto do ano passado aos 94 anos, já tinha sido acusado de agredir sexualmente várias mulheres, mas nunca foi responsabilizado pelas denúncias.
Pedido de desculpas
A Harrods emitiu um pedido de desculpas às vítimas na quinta-feira, afirmando estar “completamente horrorizada” com as alegações de abusos sexuais cometidos por seu ex-proprietário. A empresa afirmou que a Harrods de hoje é “muito diferente da propriedade controlada por Al Fayed entre 1985 e 2010”.
“Tem sido nossa prioridade resolver as acusações da maneira mais rápida possível, evitando longos processos legais para as mulheres envolvidas”, disse a empresa.
Ainda não está claro se os atuais proprietários da loja serão responsabilizados pelos supostos crimes ou se terão que pagar uma as vítimas e sobreviventes.
Relato das vítimas
Mais de 20 ex-funcionárias da Harrods relataram terem sido abusadas sexualmente por Fayed em várias cidades, incluindo Paris, Londres, St Tropez e Abu Dhabi, em um documentário da emissora BBC exibido na quinta-feira.
Uma das mulheres afirmou que trabalhar para ele envolvia uma “camada de encobrimento, engano, mentiras, manipulação, humilhação e má conduta sexual grosseira”. Segundo ela, o bilionário era uma figura “altamente manipuladora” que “se atava aos mais vulneráveis; aqueles de nós que precisavam pagar o aluguel ou que não tinham pais para protegê-los”.
Ela relatou que, depois de assediá-la sexualmente, ele “me disse, de forma clara, que eu nunca deveria contar a ninguém sobre o ocorrido. Se o fizesse, nunca mais trabalharia em Londres, e ele sabia onde minha família morava. Fiquei aterrorizada e doente.”