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‘Big techs’ têm poder demais, diz comissão antitruste dos EUA

Audiência no Comitê Judicial da Câmara dos EUA debate se Amazon, Apple, Google e Facebook aplicam práticas de monopólio

Por Da Redação
Atualizado em 4 jun 2024, 13h45 - Publicado em 29 jul 2020, 18h32

O presidente da comissão antitruste do Congresso dos Estados Unidos, David Cicilline, afirmou nesta quarta-feira, 29, que Amazon, Apple, Google e Facebook são poderosos demais, falando durante uma audiência sem precedentes com os CEOs das gigantes da tecnologia.

Perante o Comitê Judiciário da Câmara dos Representantes, falaram Tim Cook, da Apple; Jeff Bezos, da Amazon; Mark Zuckerberg, do Facebook, e Sundar Pichai, do Google e sua empresa-mãe, a Alphabet – cujas empresas somadas representam cerca de 5 trilhões de dólares. Por videoconferência, os congressistas interrogam os quatro diretores sobre como lidam com suas posições dominantes no mercado, parte de uma investigação de um ano sobre concorrência no mundo da internet.

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“Seja privilegiando-se, estabelecendo preços predatórios ou levando os usuários a comprar produtos adicionais, as plataformas dominantes exerceram de forma destrutiva e prejudicial seu poder de expansão”, afirmou o democrata Cicilline na abertura da audiência. “Elas têm muito poder.”

Ele completou que, devido à pandemia, é provável que as empresas fiquem ainda mais fortes, e o domínio está “matando os pequenos negócios, a manufatura e o dinamismo geral que são os motores da economia americana”.

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Censura

Enquanto isso, o congressista republicano Jim Sensenbrenner observou que “ser grande não é necessariamente ruim”, mas que o escrutínio sobre as empresas de tecnologia deve crescer com o aumento do poder.

“Nos Estados Unidos você deve ser recompensado pelo sucesso”, diz Sensenbrenner. Para ele, as leis antitruste do país devem se adaptar às inovações tecnológicas, mas reclamou da suposta censura em redes sociais contra figuras republicanas.

Na terça-feira 28, Zuckerberg e Bezos destacaram que pretendem defender o sucesso de suas empresas em um mundo de grande concorrência. De acordo com comentários preparados para a audiência, o CEO do Facebook pretende afirmar que a plataforma não teria sucesso sem as leis americanas que estimulam a concorrência, mas também deve pedir que as regras da Internet sejam atualizadas.

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Bezos destacou que a “Amazon deve ser examinada” pelos legisladores, como qualquer grande organização, mas que ele sabe estar fazendo a coisa certa e “nenhuma força no mundo pode parar isso”. Esta é a primeira vez que ele comparecerá a uma audiência no Congresso.

Enquanto democratas e organizações da sociedade civil consideram as redes sociais muito permissivas – especialmente o Facebook – a respeito de discursos de extrema-direita ou de comentários ofensivos do presidente Donald Trump, os republicanos acreditam que são censurados pelas plataformas fundadas no Vale do Silício, na Califórnia, um reduto democrata.

“Se o Congresso não fizer justiça sobre as empresas Big Tech, o que eles deveriam ter feito anos atrás, eu mesmo farei isso com ordens executivas”, disse Trump no Twitter. Empresas de tecnologia, incluindo o Facebook e o Twitter, intervieram em publicações do presidente consideradas como “desinformação”. O presidente também entrou em conflito com o jornal The Washington Post, propriedade de Bezos.

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Leis antitruste

A audiência no Comitê Judicial debaterá se os quatro gigantes da internet aplicam práticas de monopólio. A Amazon será investigada por beneficiar suas próprias marcas em seu e-commerce, o Facebook pelas aquisições de possíveis concorrentes – como WhatsApp e Instagram –, o Google sobre o domínio do mercado de publicidade on-line e a Apple por alegações de que a empresa dá tratamento especial aos seus próprios aplicativos na App Store.

As atuais leis dos EUA contra monopólios foram criadas para impedir que os grandes conglomerados, ou trustes, que se formavam nos setores de petróleo, ferrovia, aço e outros setores no final do século 19 se tornassem grandes e poderosos demais. Agora, atrás das Big Techs do século 21, a legislação pode tornar-se mais específica, se moldando para englobar empresas de tecnologia.

No final dos anos 1990, a Microsoft de Bill Gates perdeu um processo antimonopólio, já que o Internet Explorer começou a dominar o mercado de navegadores de Internet, dificultando a instalação e a execução de navegadores concorrentes. Contudo, adaptar as leis centenárias para acomodar empresas de tecnologia atuais não será uma tarefa fácil, já que as leis “anticompetitivas” precisam mostrar que os consumidores estão sendo prejudicados – algo muito mais difícil de fazer quando se trata das Big Techs.

(Com AFP e Reuters)

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