Biden tenta responsabilizar petroleiras pela alta de preços na gasolina
Com popularidade corroída devido à alta dos combustíveis, presidente dos EUA alerta que pode usar 'poder de emergência' para aumentar oferta
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, disse nesta quarta-feira, 15, às petroleiras americanas que margens de lucro sem precedentes são inaceitáveis e pediu “ação imediata” para aumentar a oferta de combustíveis. O aumento do preço da gasolina alimenta a maior taxa de inflação em quarenta anos no país e aumenta temores de uma recessão.
“Entendo que muitos fatores contribuíram para as decisões de negócios de reduzir a capacidade das refinarias, que ocorreu antes de eu assumir o cargo. Mas em tempos de guerra, margens de lucro das refinarias bem acima do normal sendo repassadas diretamente para as famílias americanas não são aceitáveis”, disse Biden em uma carta enviada aos CEOs das sete principais empresas petrolíferas dos Estados Unidos.
O presidente alertou ainda que está considerando invocar poderes de emergência para aumentar a produção das refinarias. Segundo a carta, o líder da Casa Branca está “preparado para usar todas as ferramentas razoáveis e apropriadas do governo federal e autoridades de emergência para aumentar a capacidade e a produção das refinarias no curto prazo”.
O texto foi enviado aos CEOs da ExxonMobil, Chevron, BP America, Shell USA, Phillips 66, Marathon e Valero, e pede que eles ofereçam “soluções concretas e de curto prazo”.
Com a popularidade de Biden corroída devido à alta de preços da gasolina, a medida coloca as empresas como responsáveis pelo problema. O presidente também cita outro culpado, o presidente russo, Vladimir Putin, que levou a um aumento dos preços do petróleo devido à sua invasão à Ucrânia.
“A falta de capacidade de refino – e as margens de lucro das refinarias sem precedentes resultantes – estão diminuindo o impacto das ações históricas que meu governo tomou para lidar com a alta de preços de Vladimir Putin e estão elevando os custos para os consumidores”, disse Biden. Ele afirmou que a secretária de Energia, Jennifer Granholm, convocará uma “reunião de emergência sobre este assunto”.
Ao apelar à indústria do petróleo, Biden anda em uma corda bamba política. Os preços médios da gasolina nos Estados Unidos subiram acima de US$ 5 por galão, alimentando a inflação e colocando o Partido Democrata em risco antes das eleições de meio de mandato em novembro, quando podem perder a maioria no Congresso. No entanto, o presidente procura não alienar sua base, preocupada com as mudanças climáticas, no processo de expandir a produção de derivados.
A capacidade das refinarias dos Estados Unidos caiu cerca de 1 milhão de barris por dia em comparação com os níveis pré-pandemia, de acordo com dados oficias.
Os produtores de petróleo e gás criticaram o governo por não emitir novos arrendamentos de perfuração em terras públicas, cancelando o oleoduto Keystone e enfatizando sua agenda climática de emissões líquidas zero de carbono.
Biden intensificou seus esforços para lidar com a disparada dos preços do petróleo nos últimos dias, já que pesquisas mostram que as seu baixo índice de aprovação (na faixa dos 40%) se relaciona com a inflação, pela qual 66% dos americanos o veem como culpado, segundo uma pesquisa do YouGov.
O presidente está tentando consertar os laços com a Arábia Saudita e o príncipe herdeiro Mohammed Bin Salman durante uma viagem no próximo mês, para pedir aos produtores da Opep que aumentem a produção.