O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, advertiu nesta terça-feira, 12, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, que os ataques “indiscriminados” contra a Faixa de Gaza, onde moravam mais de 2 milhões de pessoas antes da guerra, levarão Tel Aviv a perder o apoio da comunidade internacional. A fala do americano foi a mais contundente contra o governo israelense desde o início do conflito, em 7 de outubro.
Em evento de arrecadação de fundos para sua campanha a reeleição, o democrata fez alusões a conversas privadas com seu homólogo israelense e sugeriu que o caminho para a paz exigiria que Netanyahu abrisse mão de uma administração linha-dura.
“A segurança de Israel pode repousar nos Estados Unidos, mas neste momento tem mais do que os Estados Unidos. Tem a União Europeia, tem a Europa, tem a maior parte do mundo… Mas [os israelenses] estão a começar a perder esse apoio devido aos bombardeios indiscriminados que ocorrem”, discursou Biden, de improviso.
“Ele [Netanyahu] tem que mudar este governo. Este governo em Israel está tornando tudo muito difícil”, acrescentou. “Temos uma oportunidade de começar a unir a região, e eles ainda querem fazê-lo. Mas temos que garantir que Bibi [apelido de Netanyahu] entenda que precisa tomar algumas medidas para se fortalecer.”
Ele concluiu: “Não posso dizer não ao Estado Palestino. Essa será a parte difícil.”
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Segunda Guerra x Guerra Israel-Hamas
Na tentativa de defender as incessantes explosões que assolam Gaza desde o início da guerra entre Israel e o Hamas, Bibi, em telefonema com o líder da Casa Branca, teria argumentado que os Estados Unidos “bombardearam a Alemanha”, “lançaram a bomba atômica” e “muitos civis morreram” durante a II Guerra Mundial (1939-1945). Segundo as autoridades de Gaza, ao menos 18 mil pessoas morreram e 50 mil ficaram feridas na região, instaurando uma crise humanitária.
Em resposta, Biden teria afirmado que “por isso que todas essas instituições foram criadas após a II Guerra para garantir que [um conflito global] não acontecesse novamente”, em referência a órgãos como as Nações Unidas. O presidente americano também criticou as ações de seu país após o 11 de setembro, quando as Torres Gêmeas foram destruídas em um ataque terrorista, dizendo: “Não há razão pela qual tivemos que estar em uma guerra no Afeganistão”.
Os comentários foram realizados para uma plateia de cerca de 100 pessoas, incluindo participantes judeus, em um hotel em Washington. O evento foi apresentado por um líder do lobby Comitê Americano de Assuntos Públicos de Israel. As críticas ocorrem às vésperas da viagem do conselheiro de Segurança Nacional de Biden, Jake Sullivan, a Tel Aviv, para se reunir com o gabinete de guerra israelense.
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A posição de Netanyahu
Em comunicado divulgado nesta terça-feira, 11, Netanyahu afirmou que recebeu “total apoio” de Washington para uma incursão terrestre no enclave palestino, informando que os Estados Unidos bloquearam “a pressão internacional para parar a guerra”. Ele, no entanto, concedeu que há um desacordo entre os aliados sobre o “dia seguinte ao Hamas”, ou seja, qual rumo tomará Gaza depois do fim do confronto.
Ao contrário do que apoia o governo americano, o premiê relatou previamente que planeja ter “responsabilidade total” por “tempo indeterminado” pelo território vizinho.
O primeiro-ministro acrescentou que “não permitiria que Israel repetisse o erro de Oslo”, os acordos de paz da década de 1990 que criaram a Autoridade Palestina (AP) para a formação do Estado palestino na Cisjordânia, Gaza e Jerusalém Oriental. O Hamas tomou a Faixa de Gaza em 2007, quando a AP perdeu controle da região.
“Não permitirei a entrada em Gaza daqueles que educam com terrorismo, apoiam o terrorismo e financiam o terrorismo”, disse Netanyahu, embora a Autoridade Palestina negue essas acusações.