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Bento XVI pede perdão por abusos, mas nega qualquer irregularidade

Falas de papa emérito são respostas a relatório de janeiro que aponta inação na maneira que lidou com casos de abusos sexuais na arquidiocese de Munique

Por Da Redação Atualizado em 8 fev 2022, 10h08 - Publicado em 8 fev 2022, 09h45

O papa emérito Bento XVI pediu perdão nesta terça-feira, 8, por “falhas graves” na forma que lidou com casos de abusos sexuais dentro da Igreja, mas disse não ter cometido qualquer irregularidade, após uma investigação independente criticá-lo por inação em quatro casos enquanto era arcebispo de Munique.

“Tive grandes responsabilidades na Igreja Católica. Maior ainda é minha dor pelos abusos e erros que ocorreram nestes lugares diferentes durante o período de meu mandato”, disse.

As falas de Bento XVI são uma resposta ao relatório de 20 de janeiro, feito por um escritório de direito a pedido da Igreja Católica alemã, sobre como casos de abusos sexuais foram lidados na arquidiocese de Munique entre 1945 e 2019. Bento, então cardeal Joseph Ratzinger, comandou a arquidiocese de 1977 a 1982.

Nesta terça-feira, o Vaticano apresentou uma carta escrita por Bento com respostas às acusações, junto a uma resposta mais técnica feita por advogados e assessores.

“Como arcebispo, o cardeal Ratzinger não esteve envolvido em qualquer ocultação de atos de abusos”, escreveram os assessores. Além disso, afirmam que o relatório não apresenta evidências de que Bento tinha ciência do histórico criminal de quaaquer um dos padres em questão.

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A resposta pessoal do papa emérito, por sua vez, teve um tom mais espiritual. Na carta, ele apresentou o que disse ser uma “confissão”, relembrando as missas que começam com fieis confessando seus pecados e pedindo perdão por suas falhas. Ele destacou seus encontros com vítimas de abusos enquanto foi papa, vendo “em primeira mão os efeitos desta grave falha”.

“Vim a entender que nós mesmos somos levados a esta falha grave quando negligenciamos ou fracassamos em confrontá-la com a responsabilidade necessária”, escreveu. “Posso apenas expressar a todas as vítimas de abusos sexuais minha profunda vergonha, meu profundo pesar e meu pedido por perdão”.

Em 24 de janeiro, o papa emérito admitiu ter participado de uma reunião na qual foi discutida a situação do padre Peter Hullerman, acusado de abusar sexualmente de dezenas de menores de idade na Alemanha. Na época do encontro, em 15 de janeiro de 1980, os crimes de Hullerman já eram de conhecimento da igreja, atuasse no local.

Segundo os autores da investigação, Joseph Ratzinger não teria impedido que o padre abusasse de quatro meninos. Em sua investigação mais ampla sobre alegações de abusos na Arquidiocese de Munique entre 1945 e 2019, o escritório de advocacia diz que houve ao menos 497 vítimas, principalmente jovens.

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No início de janeiro, um documento interno da Igreja Católica publicado pelo jornal alemão Die Zeit já havia sugerido que o papa emérito teria acobertado casos de abusos contra menores na década de 1980. Bento XVI nega conhecimento dos crimes à época.

O caso envolve um padre que teria abusado de ao menos 23 meninos com idades entre 8 e 16 anos. Um decreto da arquidiocese de Munique, publicado em 2016 e ao qual o jornal alemão teve acesso, mostra que a instituição criticou o comportamento dos clérigos, incluindo a inação de Ratzinger, diante dos abusos.

Bento XVI se tornou em 2013 o primeiro papa a renunciar em quase 600 anos e vem, desde então, mantendo uma vida privada no Vaticano. Em 2020, um jornal alemão revelou que ele estava em uma situação “extremamente frágil” e sofria com uma doença infecciosa no rosto. 

Reportagem de VEJA de junho de 2018 revelou que Bento sofre de Parkinson e já sentia os sinais da doença quando renunciou. Segundo o arcebispo George Gänswein, um dos assistentes mais próximos do papa emérito, a rotina de Bento nos últimos anos consiste principalmente em ler e responder as centenas de cartas que recebe de fiéis. Além disso, também passa boa parte de seu tempo orando.

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