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Bad Bunny, Porto Rico e racismo em comício de Trump: reta final das eleições pega fogo

Piada de comediante de direita sobre Porto Rico em evento de campanha do republicano caiu mal; Kamala aproveita tropeço em novo apelo na Pensilvânia

Por Da Redação Atualizado em 28 out 2024, 17h02 - Publicado em 28 out 2024, 10h04
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  • O ex-presidente americano e candidato republicano Donald Trump dobrou a aposta na violenta retórica anti-imigrantes na reta final da corrida eleitoral dos Estados Unidos, a menos de dez dias antes da votação da próxima terça-feira, 5. Durante um comício na noite de domingo, 27, na famosa arena Madison Square Garden, em Nova York, ele voltou a dizer que aprovaria um programa de deportação em massa em seu primeiro dia na Casa Branca para reverter uma “invasão” de ilegais.

    Suas promessas incluem ainda a punição com pena de morte para imigrantes que matam “verdadeiros cidadãos americanos” por meio da Lei dos Inimigos Estrangeiros de 1798, um mecanismo usado na Primeira e Segunda Guerras Mundiais que dá ao Executivo poderes de deter ou deportar pessoas de uma nação inimiga.

    “Os Estados Unidos são um país ocupado”, disse Trump diante de 20.000 apoiadores. “Eu vou parar a invasão de criminosos que entram em nosso país e vou trazer de volta o sonho americano.”

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    Mas o comentário anti-imigração que mais chamou atenção naquela noite foi o do comediante Tony Hinchcliffe, uma das celebridades que discursaram no comício. “Há literalmente uma ilha flutuante de lixo no meio do oceano agora, acho que se chama Porto Rico“, afirmou, em tom de piada.

    Não caiu bem. Milhões de habitantes dos Estados Unidos com herança porto-riquenha irão às urnas em 5 de novembro, e a campanha de Trump foi rápida em tentar se distanciar da fala de Hinchcliffe.

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    “Essa piada não reflete as opiniões do presidente Trump ou da campanha”, declarou Danielle Alvarez, porta-voz da campanha republicana, à emissora americana CNN. Vários republicanos também condenaram o comentário, incluindo Rick Scott e María Elvira Salazar, ambos da Flórida, o estado com a maior população de porto-riquenhos nos Estados Unidos continentais.

    Deixa para a campanha democrata

    Minutos depois do incidente, o porto-riquenho Bad Bunny, astro do rap e do reggaeton, com quase 63 milhões de ouvintes no Spotify, declarou apoio à vice-presidente e aspirante democrata à Casa Branca, Kamala Harris.

    Em evento eleitoral na Filadélfia, a maior cidade da Pensilvânia – um dos estados-chave que devem definir os resultados deste ano –, Harris aproveitou a deixa e fez um discurso direcionado aos eleitores porto-riquenhos na noite de domingo, abordando a necessidade de impulsionar o crescimento econômico do país e a criação de empregos.

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    Os porto-riquenhos são por lei cidadãos naturais dos Estados Unidos e podem circular livremente entre a ilha do Mar do Caribe e o continente. Como não é um estado, a região não tem voto no Congresso dos Estados Unidos, que rege o território com jurisdição total por meio da Lei de Relações Federais de Porto Rico, de 1950, nem em nível nacional. Ou seja, seus habitantes não votam para presidente e vice-presidente. Lá existe uma constituição local, que permite que os cidadãos do território elejam um governador.

    Porto Rico tem lutado para se recuperar depois que vários furacões destruíram a rede elétrica do território e enfrenta medidas de austeridade depois que o governo local entrou com um pedido de falência. Harris prometeu um uso mais eficaz dos fundos de recuperação americanos para o território e discutiu seus planos durante visita a um restaurante porto-riquenho na Pensilvânia (em sua 14ª viagem ao estado desde que o presidente Joe Biden desistiu da disputa).

    Dos eleitores latinos do chamado swing state – estado que ora vota nos republicanos, ora nos democratas –, 580.000 são descendentes de porto-riquenhos.

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