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Bastidores e curiosidades da disputa entre Kamala Harris e Donald Trump
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No ritmo da salsa: a decisiva batalha de Kamala e Trump pelos latinos

Com parcela de 18 milhões de pessoas, hispânicos vão às urnas em número recorde e podem decidir a disputadíssima eleição americana

Por Ernesto Neves Atualizado em 26 set 2024, 14h49 - Publicado em 26 set 2024, 14h18

Comitês responsáveis pela campanha da vice-presidente, Kamala Harris, e do ex-presidente Donald Trump iniciaram nas últimas semanas uma guerra midiática pelos corações e mentes do eleitorado latino.

A ofensiva alcançou novos patamares com o recente anúncio republicano em que Trump dança ao som de salsa, enquanto se ouve a letra de “Que mala és Kamala”.

Com 33 segundos de duração, o vídeo traz Trump usando seu boné habitual Make America Great Again (Faça a América Grande de Novo), em um carrinho de golfe.

Em seguida, entra a música “Juliana”, do grupo de salsa Dark Latin Groove, de ascendência porto-riquenha, um hit dos anos 1990. Imagens de Trump movendo seus braços e pés em vários eventos de campanha são colocadas durante a música, dando a aparência de que ele está dançando salsa.

Uma imagem mostra Kamala Harris rindo alto, a mesma risada que Trump descreveu no passado como “a gargalhada de uma pessoa louca”.

O vídeo foi lançado como parte das comemorações do início do Mês da Herança Hispânica.

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Trata-se de um aceno aos quase 18 milhões de eleitores latinos que devem ir às urnas nas eleições de 5 de novembro, um número recorde.

Isso representa 6,5% a mais de latinos na comparação com o último pleito, em 2020, de acordo com projeções da Associação Nacional de Autoridades Eleitas e Nomeadas (Naleo). Em outras palavras, um em cada 10 eleitores será latino.

A disputa mostra que o cenário de hoje é diferente daquele encontrado por Trump em sua primeira eleição, em 2016.

Isso porque a comunidade hispânica está cada vez mais influente na sociedade.

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Assim, se há oito anos Trump não hesitava em dizer que nos Estados Unidos “falamos inglês, não espanhol”, ele agora aposta na coalizão Latino-americanos por Trump, que desde junho reúne latinos conservadores em áreas como educação, esportes, comunicações.

Também é muito mais cuidadoso ao falar sobre deportações, restringindo a medida drástica aos desvalidos que chegam ilegalmente pela fronteira com o México.

Os eleitores hispânicos serão essenciais também nos swing-states de Arizona e Nevada E podem desempenhar papel fundamental na Pensilvânia, outro estado indeciso, onde a campanha de Harris iniciou nesta semana uma ofensiva de relações públicas no chamado “Cinturão Latino”.

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O Partido Democrata tem plena consciência da importância dos latinos. Em 2020, eles fizeram parte da coalizão de eleitores que catapultou Joe Biden à Casa Branca.

E sabe que a situação de Kamala não é fácil.

Na comparação com a eleição de 2020, os democratas sofreram uma queda de 10 pontos percentuais entre latinos, aponta uma pesquisa feita pelo jornal New York Times e o instituto Siena.

Hoje, Kamala tem 55% dos votos hispânicos contra 41% de Trump. Quatro anos atrás, Biden ganhou 65% dos eleitores hispânicos contra 32% de Trump.

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Não por coincidência, sua equipe de campanha acaba de contratar quatro consultores hispânicos, e vem despachando representantes para os estados-chave com o objetivo de mobilizar apoio latino.

Até o marido de Kamala, o segundo cavalheiro Doug Emhoff, entrou no esforço de guerra, discursando em um evento para latinos.

Kamala tem pouco mais de seis semanas para virar a maré a seu favor em estados-pêndulo, onde nenhum partido tem maioria, como Pensilvânia, Nevada e Arizona.

Analistas advertem que sua vantagem sobre Trump ainda é insuficiente para garantir os delegados que faltam, e que portanto ela precisará de mais votos latinos do que está recebendo atualmente.

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Um de seus principais desafios é a Pensilvânia, onde a população latina experimenta rápido crescimento demográfico, somando 600.000 pessoas, no momento em que a tradicional classe média branca vem minguando em redutos democratas como acontece na cidade de  Allentown, a terceira maior do estado.

A batalha, por sinal, seguira a pleno vapor nos próximos dias.

Os dois já concordaram em aparecer em canais de TV voltados para o público hispânico nas próximas semanas. Um deles será um programa de perguntas e respostas com eleitores indecisos organizados pela Univision, o maior provedor de conteúdo de língua espanhola dos Estados Unidos.

Na disputadíssima eleição americana, nunca o voto latino foi tão disputado.

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