A alta comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, cobrou nesta quarta-feira, 9, que o governo do Brasil mude sua postura no combate à pandemia de Covid-19, como uma forma de sinalizar para a população os cuidados necessários.
Durante uma entrevista coletiva virtual, às vésperas do dia internacional dos direitos humanos, Bachelet foi questionada a respeito da resposta do governo brasileiro à pandemia, assim como afirmações do presidente Jair Bolsonaro, como a de que o novo coronavírus seria “uma gripezinha”.
“Espero que os líderes brasileiros deem o exemplo ao povo. Em qualquer país do mundo em que os líderes negaram a existência da Covid-19, o efeito tem sido devastador. Isso aconteceu em muitos países, não apenas no Brasil”, respondeu a ex-presidente do Chile, sem citar o nome do presidente. Pouco antes, ela explicou que, tradicionalmente, prefere não dar nomes em suas declarações.
No total, o país acumula agora 6.674.999 infectados, incluindo 178.159 mortes. A média móvel dos últimos sete dias é de 41.173 casos e de 620 mortes.
A alta comissária também denunciou a incapacidade dos países de investirem em seus sistemas de saúde, a reação tardia à pandemia, ou a falta de transparência sobre sua propagação. “Politizar uma pandemia desta maneira é mais do que irresponsável, é totalmente censurável”, afirmou.
Segundo Bachelet, a classe política tem grande responsabilidade de orientar os cidadãos sobre as recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS) e da ciência em geral, destacando a necessidade de usar máscara, cumprir o distanciamento social e higienizar as mãos.
“Isso ajuda a prevenir a propagação do vírus, e se os líderes não o fizerem, eles não estão dando o melhor exemplo”, disse. “Relatórios de autoridades subestimando a gravidade do vírus tiveram um impacto negativo na resposta à pandemia”.
O impacto da pandemia do novo coronavírus no Brasil foi particularmente grave sobre grupos vulneráveis, como indígenas e pessoas em situação de pobreza, destacou a comissária. Em julho, ela já havia se mostrado preocupada com a situação dos povos indígenas em meio à pandemia, mais vulnerável devido à precariedade do sistema de saúde que os atendem principalmente na região norte do país.
(Com EFE e AFP)