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Austrália enfrenta surto de sífilis

Número de infectados pela doença cresce de 120, em 2011, para 2.100 nos dias atuais, com a esmagadora maioria dos casos ocorrendo em comunidades indígenas

Por Da Redação
27 jul 2018, 14h11
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  • Quase erradicada há menos de uma década, a bactéria causadora da sífilis está provocando um novo surto da doença entre comunidades indígenas da Austrália. Segundo a imprensa local, de 2011 aos dias atuais, o número de pessoas infectadas pela doença sexualmente transmissível (DST) saltou de 120 para mais de 2.100.

    Além disso, nos últimos seis anos, seis bebês morreram por causa da bactéria, que atualmente atinge regiões de três estados. O Departamento de Saúde australiano afirma que está trabalhando para controlar a epidemia e está concedendo financiamento de 8 milhões de dólares em apoio às organizações que atendem a essas comunidades.

    A maioria dos infectados pela DST na Austrália são jovens aborígines que vivem nas regiões mais ao norte ou ao centro do país, além de comunidades que habitam as Ilhas do Estreito de Torres, segundo a rede britânica BBC.

    O surto começou em uma comunidade em Queensland, em 2011, onde especialistas em saúde indígena vêm tentando acabar com a bactéria desde então. Em vez disso, porém, a DST acabou se espalhando para o resto do estado e, depois, para outros territórios, incluindo os estados de Northern Territory, Western Australia e South Australia.

    O motivo do surto ter acontecido ainda não é completamente compreendido, mas especialistas afirmam que ele foi agravado pela falta de resposta das autoridades.

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    “Perdemos a oportunidade de controlar [o surto]. Isso é uma indicação de que a resposta da saúde pública é muito pobre”, disse à BBC o professor James Ward, do Instituto de Saúde e Pesquisa Médica de South Australia.

    O especialista em saúde sexual Darren Russell, que trabalha em Cairns, uma cidade ao norte do país que está no epicentro da epidemia, disse que a expansão dessa doença a centros urbanos está agravando o problema. 

    “Em uma pequena comunidade, você é capaz de conter o problema com mais facilidade, acompanhando os afetados”, afirmou. “Mas aqui na cidade, estamos alimentando o problema. Há pessoas entrando e saindo o tempo todo, você não pode acompanhar todos. A doença se torna auto-sustentável.”

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    O governo australiano descreveu o problema como inaceitável, admitindo que demorou muito para começar a agir. “Em um dia e época como a que estamos, quando você ouve uma coisa dessas pensa: que diabos aconteceu? Como essa situação pode acontecer?”, afirmou o ministro de Saúde Indígena, Ken Wyatt, à emissora Australian Broadcasting Corporation (ABC) no início deste mês.

    Em 2016, o governo de Queensland havia prometido 15 milhões de dólares em investimentos para tentar frear o surto. Culpou, porém, cortes de verba promovidos por governos anteriores pela demora em começar a atuar nas regiões afetadas.

    Sintomas

    A sífilis é uma infecção bacteriana sexualmente transmissível que, normalmente, começa com feridas indolores na boca ou nas partes íntimas, podendo surgir também em outras partes do corpo na forma de irritação da pele. As pessoas contaminadas podem sentir também dores de cabeça e dores nas juntas e articulações.

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    A infecção é particularmente perigosa para mulheres grávidas, podendo causar parto prematuro ou aborto espontâneo. Os bebês contaminados também podem morrer ou sofrer danos permanentes, como cegueira.

    A doença é facilmente curada em adultos com o antibiótico penicilina. A longo prazo, porém, se não tratada corretamente, a bactéria pode voltar a se manifestar e afetar órgãos internos, causando danos ao cérebro, nervos, olhos ou até ao coração.

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