Anxo Lamela.
Copenhague, 12 dez (EFE).- No dia 22 de julho, a Noruega, o país com o melhor índice de desenvolvimento humano do mundo, viveu um drama de repercussão mundial com os atentados praticados pelo ativista político radical Anders Behring Breivik que tiveram saldo de 77 mortes.
Breivik, de 32 anos, detonou um carro-bomba em um complexo governamental no centro de Oslo, matando oito pessoas. Depois foi até à ilha de Utoeya, a 45 quilômetros da capital, e que pertence ao Partido Trabalhista (AUF, na sigla em norueguês).
No local, onde funciona uma espécie de escola onde se formaram gerações de políticos do país, inclusive o atual primeiro-ministro, Jens Stoltenberg, Breivik deu continuidade ao seu massacre.
Por mais de uma hora, ele atirou indiscriminadamente contra dezenas de jovens e matou 69 pessoas, quase todas entre 14 e 19 anos, até que foi detido pela polícia sem oferecer resistência.
Breivik, que se autodenomina comandante da ordem dos templários, pretendia assim ‘castigar’ a social-democracia por ‘trair’ o país ‘importando’ muçulmanos. Além disso, o criminoso desejava salvar a Europa ocidental do islamismo e do ‘marxismo cultural’, como declarou posteriormente a um juiz.
Ele confessou ainda à polícia que um dos seus alvos era justamente o primeiro-ministro e a ex-primeira-ministra, a também trabalhista Gro Harlem Brundtland.
A perplexidade e a dor pelo massacre se traduziram em grandes manifestações de luto. As autoridades do país, lideradas por Stoltenberg, procuram defender a liberdade, a democracia e a diversidade.
O dirigente evitou qualquer espécie de revanchismo e populismo, que poderiam ser usados com fins políticos, já que em setembro desse ano a Noruega celebrou eleições municipais.
A votação, que foi realizada normalmente, consagrou o Partido Trabalhista e significou uma pequena queda para o ultradireitista Partido do Progresso, no qual Breivik militou durante um período. A legenda, segunda maior força do Parlamento, e que em 2009 teve quase 23% dos votos, no entanto, não se saiu tão mal como se esperava.
Apesar dos elogios quase unânimes, o primeiro-ministro, seu governo e as forças de segurança foram muito criticados por não conseguirem identificar uma pessoa que planejou um atentado durante anos e que comprou toneladas de produtos químicos para fabricar explosivos.
Breivik chegou a tentar se entregar antes de cometer o crime. Por isso, os erros e a lentidão da polícia foram bastante atacados pelos familiares e advogados das vítimas.
Uma das figuras mais criticadas após o massacre, o ministro da Justiça, Knut Storberget, renunciou há algumas semanas alegando motivos pessoais.
O julgamento contra o jovem, considerado o maior processo legal na história da Noruega, deve começar em abril. Enquanto isso, Breivik está preso numa penitenciária de Oslo.
No dia 14 de novembro, ele compareceu a uma audiência pública e assumiu a autoria do atentado, mas não reconheceu sua culpa nem a autoridade do tribunal.
A Promotoria ainda não decidiu se o acusará por crimes contra a humanidade, o que pode condená-lo a 30 anos de prisão. A pena máxima, segundo a lei norueguesa, é de 21 anos. EFE