Nesta quarta-feira, 23, duas explosões em uma rodovia durante a hora do rush em Jerusalém deixaram ao menos uma pessoa morta e outras 14. Os ataques remontam à violência da segunda intifada, ou levante palestino.
A primeira explosão ocorreu pouco depois das 7h da manhã (2h de Brasília) perto de um ponto de ônibus lotado de civis na periferia oeste da cidade dividida, deixando 12 vítimas. Uma segunda explosão ocorreu meia hora depois, perto de um cruzamento movimentado no assentamento de Ramot, ao norte de Jerusalém, e feriu outras três pessoas.
Quatro pessoas estavam em estado grave, de acordo com o serviço de resgate de Israel. Yosef Haim Gabay, um médico que estava no ponto de ônibus, disse à Rádio do Exército que “há danos em todos os lugares” e que alguns dos feridos perderam muito sangue.
A principal rodovia que liga Jerusalém a Tel Aviv foi parcialmente fechada enquanto a polícia de Israel procurava outros explosivos na cidade, e dois cruzamentos para a Cisjordânia ocupada foram fechados.
A polícia disse que as descobertas iniciais mostraram que as explosões foram causadas por pregos e artefatos explosivos deixados em sacolas, em um suposto ataque terrorista palestino. O Hamas, o grupo militante islâmico que controla a Faixa de Gaza, elogiou o ataque como uma “operação heroica”, mas não reivindicou a responsabilidade pelos atos.
Ataques a ônibus israelenses, a maioria deles realizados por homens-bomba, foram uma marca registrada da intifada no início dos anos 2000, mas têm sido raros desde então. Em 2016, um agente do Hamas feriu 16 pessoas depois de detonar seu dispositivo em um ônibus em Jerusalém.
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As explosões desta quarta-feira marcam uma alta na violência no ano que já é o mais mortal no conflito israelense-palestino desde 2006: mais de 130 palestinos foram mortos em combates na Cisjordânia ocupada e Jerusalém Oriental desde o início de 2022, e 29 israelenses foram mortos em esfaqueamentos, batidas de carro e ataques com armas de fogo. Outros 49 palestinos, entre eles 17 crianças, foram mortos em uma ofensiva aérea israelense de três dias na Faixa de Gaza em agosto.
Um alto funcionário de segurança disse ao jornal israelense Haaretz que “o caráter dos ataques duplos indica que há preparação significativa por trás deles, incluindo inteligência, obtenção e preparação de explosivos”.
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O primeiro-ministro de Israel, Yair Lapid – que está prestes a deixar o cargo após perder as eleições –, anunciou que realizaria uma avaliação de segurança com autoridades de inteligência, segurança pública e militares ainda nesta quarta-feira, antes de conversar com o líder da oposição, Benjamin Netanyahu.
Netanyahu, líder mais longevo de Israel, vai retornar ao cargo em algumas semanas, depois que sua coalizão formada por partidos da extrema direita religiosa conquistou a maioria no Knesset, parlamento israelense, nas eleições no início deste mês. Com isso, consolida o governo mais à direita da história do país.
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Itamar Ben-Gvir, líder da aliança conhecida como Sionismo Religioso, pediu o uso da pena de morte contra terroristas palestinos, bem como a expulsão de cidadãos árabes-israelenses “desleais”. Ele provavelmente se tornará ministro da Segurança Interna no novo governo – e já disse que o incidente desta quarta-feira significa que Israel precisa adotar uma postura mais dura em relação a militantes palestinos.
“Mesmo que seja na Cisjordânia, sitie-os e vá de casa em casa em busca de armas e restaure nosso poder de dissuasão”, disse ele, falando no local da primeira explosão. “Devemos voltar a estar no controle de Israel.”
Israel ocupa Jerusalém Oriental, a Cisjordânia e a Faixa de Gaza desde 1967. A guinada do país para a direita, junto com uma Autoridade Palestina cada vez mais impotente, e o surgimento de uma nova geração de militantes palestinos, significa que um retorno às negociações de paz é altamente improvável.