O comitê da Câmara dos Estados Unidos que investiga o ataque ao Capitólio americano, em 6 de janeiro de 2021, decidiu nesta quinta-feira, 12, enviar intimações a cinco republicanos, incluindo o líder da minoria da Câmara, Kevin McCarthy, que rejeitaram pedidos para cooperar voluntariamente.
Além de McCarthy, foram intimados os deputados Jim Jordan, de Ohio, Mo Brooks, do Alabama, Andy Biggs, do Arizona, e Scott Perry, da Pensilvânia.
A decisão foi tomada após meses de ponderação, devido a temores de estabelecer algum precedente inconstitucional com a intimação. Mas com audiências a menos de um mês, o painel está lutando contra o tempo para obter todas as informações que puder. A comissão agendou os depoimentos dos parlamentares para o final de maio.
“Infelizmente, os indivíduos que receberam intimações hoje se recusaram a dar informações de forma voluntária e somos forçados a dar esse passo para ajudar a garantir que o comitê descubra os fatos relativos a 6 de janeiro”, disse o presidente do comitê, o deputado democrata Bennie Thompson do Mississippi, em um comunicado.
Em sua carta inicial a McCarthy, o comitê informou que queria questioná-lo sobre trocas de informação com o ex-presidente Donald Trump e funcionários da Casa Branca na semana após o ataque de 6 de janeiro, “particularmente em relação ao estado de espírito do presidente Trump.”
O comitê também queria entender como os comentários públicos de McCarthy desde o ataque mudaram de críticos para pró-Trump, alegando que Trump o teria pressionou a mudar de tom quando se encontraram no final de janeiro de 2021.
Nos dias seguintes à invasão do Capitólio, segundo um áudio vazado, McCarthy havia considerado pedir a renúncia de Trump e teria responsabilizado o líder republicano pelo ocorrido.
Enquanto isso, Jordan, um dos aliados mais leais de Trump no Capitólio, falou ao telefone com o ex-presidente antes da invasão. No entanto, o republicano de Ohio recusou-se a comentar sobre o assunto. Ele também teria enviado uma mensagem ao então chefe de gabinete da Casa Branca, Mark Meadows, dizendo que o então vice-presidente Mike Pence tinha autoridade para impedir a certificação das eleições de 2020.
Jordan foi considerado para compor o comitê de 6 de janeiro, mas a presidente da Câmara, Nancy Pelosi, rejeitou a escolha para preservar a “integridade da investigação”.
Perry, por sua vez, foi o primeiro deputado abordado pelo comitê, devido ao seu papel fundamental na tentativa de ajudar Trump a minar a eleição de 2020. Mensagens de texto obtidas pela emissora americana CNN mostram que Perry pressionou o principal oficial de inteligência do país a investigar se as urnas tinham sido hackeadas pela China e tentou substituir o procurador-geral interino dos Estados Unidos por trumpista.
As mensagens de texto também mostram que Perry agiu como um canal entre Meadows e o advogado do Departamento de Justiça, Jeffrey Clark, que Trump tentou nomear como procurador-geral interino dias antes do motim no Capitólio. Ou seja, é possível observar uma ligação direta entre Perry, Clark e o esforço de Trump para usar o Departamento de Justiça na invalidação dos resultados eleitorais.
Quanto a Biggs, o comitê entrou em contato com ele no início do mês para discutir sua participação nas reuniões de planejamento na Casa Branca sobre “vários aspectos do planejamento para 6 de janeiro”. O objetivo era entender exatamente o que ele sabia antes do ataque.
Por fim, Brooks chamou a atenção do comitê depois de revelar que Trump havia pedido repetidamente que ele tentasse rescindir a eleição de 2020 e remover Biden do cargo.