Um ataque aéreo de Israel em Gaza matou sete funcionários da ONG World Central Kitchen, do chef espanhol José Andrés. A organização afirmou na noite de segunda-feira, dia 1º, que o comboio foi atingido no momento que saía de um armazém em Deir al-Balah, na região central do enclave palestino, onde fez uma entrega de mais de 100 toneladas de alimentos – parte da ajuda humanitária enviada ao local por por mar.
“Este não é apenas um ataque contra a World Central Kitchen, é um ataque às organizações humanitárias que atuam nos locais mais terríveis em que os alimentos são usados como arma de guerra”, disse Erin Gore, executiva-chefe da ONG. “Isso é imperdoável.”
Além de palestinos, as vítimas incluem pessoas da Polônia, Reino Unido e Austrália, além de um cidadão com nacionalidade dos Estados Unidos e do Canadá. O primeiro-ministro australiano, Anthony Albanese, confirmou a morte do trabalhador humanitário Lalzawmi “Zomi” Frankcom, de 44 anos, e disse que o seu governo contactou Israel para exigir que os culpados sejam responsabilizados.
Segundo comunicado da ONG, seus funcionários viajavam em três veículos, sendo dois blindados e com o logotipo da World Central Kitchen. Um vídeo que circulou nas redes sociais mostra os danos que um projétil israelense deixou em um dos carros.
Palestinian Media has released Photos and Videos claiming to show the 2 Lightly-Armored Vehicles that Members of the World Central Kitchen were utilizing yesterday, when their Convoy was Struck by a probable Israeli Airstrike resulting in the Death of 7 Humanitarian Aid Workers… pic.twitter.com/m0FINsRP1k
— OSINTdefender (@sentdefender) April 2, 2024
Andrés, que fundou a ONG em 2010, enviando cozinheiros e alimentos para o Haiti após um grande terremoto, disse que estava com o coração partido e de luto pelas famílias e amigos dos que morreram. “O governo israelense precisa parar com essa matança indiscriminada”, declarou.
O que diz Israel
Israel costuma negar que esteja dificultando a distribuição de ajuda alimentar em Gaza, onde a fome já se instaurou devido ao cerco promovido pelos militares israelense, alegando que a causa do problema é uma suposta incapacidade logística dos grupos de ajuda.
Nesta terça-feira, o porta-voz militar israelense, Daniel Hagari, expressou “sincero pesar” pela morte dos sete trabalhadores humanitários, mas sem aceitar responsabilidade pelo ocorrido. Ele acrescentou que o incidente seria investigado no “Mecanismo de Apuração e Avaliação de Fatos”, que sua declaração chamou de “órgão independente, profissional e especializado”, sem dar mais detalhes.
Hagari afirmou ainda que conversou com o fundador da World Central Kitchen, o chef Andrés.
Até agora, 174 funcionários das ONU, 348 trabalhadores de saúde e 48 membros da defesa civil foram mortos na guerra em Gaza, segundo o Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários.