Eleitores sírios foram às urnas nesta quarta-feira, 26, para votar em uma eleição que está marcada para cimentar um quarto mandato de Bashar al-Assad — mas é rejeitada pela oposição e pelas potências ocidentais como uma farsa.
A votação presidencial desta quarta é a segunda desde o início da revolta da Síria que virou guerra há uma década, um conflito que matou centenas de milhares de pessoas e forçou milhões a deixar o país. Em 2014, al-Assad obteve quase 89% dos votos.
Al-Assad concorre contra dois candidatos da oposição aprovados pelo governo: Abdullah Salloum Abdullah, ex-ministro de Estado de Assuntos Parlamentares, e Mahmoud Ahmad Marei, chefe da Frente Nacional Democrática, um pequeno partido de oposição endossado pelo Estado. Outros 48 outros aspirantes à presidência haviam apresentado solicitações de candidatura, mas seus pedidos foram rejeitados.
Faixas de al-Assad foram penduradas nas 12.000 assembleias de voto em todo o país, enquanto multidões cantavam e dançavam do lado de fora. A mídia estadual e pró-governo retratou as eleições como uma unidade entre as linhas sectárias, étnicas e ideológicas.
Al-Assad, cuja campanha eleitoral “Esperança pelo trabalho” é fortemente focada na criação de empregos, certamente garantirá outro mandato de sete anos, apesar de 10 anos de guerra, pobreza e uma economia em queda livre. O Comitê Judiciário Superior para Eleições Presidenciais do governo sírio disse que não houve violações eleitorais até o momento em todo o país.
Enquanto isso, os chanceleres dos Estados Unidos, Reino Unido, França, Alemanha e Itália emitiram um comunicado conjunto no qual descreveram as pesquisas eleitorais da Síria como uma farsa.
Os ministros das Relações Exteriores dos cinco países pediram, em uma declaração conjunta, que o regime do presidente sírio realize eleições em conformidade com a Resolução 2254 do Conselho de Segurança da ONU, e exigiram que a comunidade internacional rejeitasse os pleitos de hoje “de forma inequívoca”.
“Unimo-nos às vozes de todos os sírios, incluindo as organizações da sociedade civil e a oposição síria que condenam as eleições como ilegítimas”, destaca a declaração.
O Conselho de Segurança já havia concordado que eleições livres e justas deveriam ser realizadas sob supervisão da ONU e em conformidade com as normas internacionais de transparência e responsabilidade, segundo a nota.
Nela, os ministros das Relações Exteriores frisam que as eleições “só podem ser críveis” se todos os cidadãos, incluindo os deslocados internos e a diáspora, puderem votar em um ambiente seguro e sem influências. Estas eleições não são, portanto, um passo adiante no caminho para uma solução política e devem ser rejeitadas, acrescentaram os ministros, que também se referem à Rússia e ao Irã, principais aliados da Síria.
“Apelamos à comunidade internacional para que rejeite expressamente esta tentativa do regime de Assad de obter legitimidade sem pôr fim às suas violações dos direitos humanos e sem se envolver de forma substancial no processo político apoiado pelas Nações Unidas”, ressaltaram.
Os representantes de EUA, Reino Unido, Alemanha, França e Itália também salientaram seu apoio ao enviado especial da ONU para a Síria nos seus esforços para lançar as bases de uma solução política de acordo com a Resolução 2254.
(Com EFE)