As negociações entre a Argentina e o Fundo Monetário Internacional (FMI) foram concluídas nesta quarta (26) com a inclusão de mais 7,1 bilhões de dólares ao programa original de ajuda, de 50 bilhões de dólares. O reforço tem o objetivo de dissipar as dúvidas dos mercados sobre a capacidade de pagamento de dívidas pelo governo de Maurício Macri.
Nas negociações entre o ministro de Economia da Argentina, Nicolás Dujovne, e a diretora-gerente do FMI, Christine Lagarde, ficou decidida a preservação da política de câmbio flutuante adotada pelo Banco Central argentino (BCRA). Mas, a rigor, a flutuação do câmbio será regulada até pelo menos o final do ano.
Em Buenos Aires, o novo presidente do BCRC, Guido Sandleris, anunciou que as intervenções cambiais ocorrerão apenas quando o dólar estiver abaixo de 34 pesos ou acima de 44 pesos. No último caso, o Banco Central atuará com a venda de até 150 milhões de dólares ao dia.
Dentro da política de não intervenção, haverá reajuste mensal de 3% até, pelo menos, o final deste ano. Do ponto de vista da nova autoridade monetária argentina, essa receita poderá conter a disparada da inflação e evitar uma apreciação cambial indesejável.
Sandleris também anunciou o abandono do regime de metas de inflação, similar ao adotado pelo Brasil, e a adoção de metas sobre os agregados monetários, informou o jornal La Nación. A proposta é controlar a quantidade de dinheiro em circulação na economia e impor o crescimento zero da base monetária. Essa medida envolverá tanto o dinheiro vivo em circulação como os depósitos compulsórios dos bancos no BCRA até junho de 2019.
“Os instrumentos de política monetária devem adaptar-se às circunstâncias. Precisamos de uma âncora simples e contundente, que no nosso caso será um controle muito estrito sobre o dinheiro na economia”, declarou Sandleris.
Em Nova York, onde Dujovne e Lagarde fecharam o acordo, o ministro da Economia afirmou que as autoridades argentinas não permitirão volatilidade excessiva. A mudança nas políticas monetária e cambial foi uma das exigências do FMI para ampliar sua ajuda à Argentina para 57,1 bilhões de dólares.
“Neste novo acordo, o governo resolveu continuar com a implementação de um conjunto de políticas orientadas ao fortalecimento da economia argentina. A convergência mais rápida ao equilíbrio fiscal primário é um passo decisivo para a redução das necessidades de financiamento do governo, o que impulsionará a economia argentina”, afirmou Dujovne.
Diante dos ataques especulativos enfrentados pela Argentina nas últimas semanas, ele afirmou que o novo acordo com o FMI permitirá ao país deixar as turbulências financeiras para trás. “A estabilidade do peso não depende da política de intervenção (cambial), mas sim de uma política fiscal forte”, afirmou o ministro.
“O FMI nos respalda para darmos apoio a setores vulneráveis da economia”, disse Dujovne. De acordo com ele, o déficit em transações correntes está “plenamente financiado por investimentos externos”, e o país deu um passo “muito importante” na qualidade do gasto público.
Além disso, o ministro afirmou que o banco central tem “ferramentas poderosas” para intervir se for necessário e que a Argentina tem uma posição fiscal “muito sólida”.
Christine Lagarde afirmou que o FMI está “completamente comprometido” em ajudar a Argentina e que o plano de ajuda será “fundamental para restabelecer a confiança na Argentina”. O dinheiro para a Argentina poderá ser utilizado para manter a seguridade social.