A Arábia Saudita rejeitou a decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de reconhecer a anexação israelense das Colinas de Golã.
“A Arábia Saudita expressa sua firme rejeição e condenação à declaração da administração americana de que reconhece a soberania de Israel sobre as Colinas de Golã sírias ocupadas”, diz um comunicado publicado pela agência de notícias oficial saudita SPA. “Golã continua sendo uma terra árabe síria ocupada e reconhecê-la como israelense é uma violação da Carta das Nações Unidas”.
A decisão “terá efeitos negativos no processo de paz no Oriente Médio, assim como na segurança e estabilidade da região”, destaca ainda a nota oficial.
Israel conquistou grande parte do Golã sírio (1.200 quilômetros quadrados) durante a Guerra dos Seis Dias, em 1967, e anexou a área em 1981. A anexação nunca foi reconhecida pela ONU.
Ainda assim, os Estados Unidos assinaram uma declaração na segunda-feira 25 reconhecendo a soberania de Israel sobre o território. O presidente Donald Trump aproveitou a visita do primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu para anunciar a decisão.
A Liga Árabe e os governos do Bahrein, do Líbano, da Jordânia, da Turquia além da própria Síria, também reagiram à posição americana.
O Ministério de Exteriores bareinita “lamentou” a decisão de Trump e expressou “sua firme posição” de que o Golã é “território árabe sírio ocupado por Israel” na guerra de junho de 1967.
O presidente do Líbano, Michel Aoun, afirmou que Donald Trump não tem direito de dispor de territórios alheios. Em sua primeira visita oficial à Rússia, o líder advertiu também que a decisão americana pode gerar uma “escalada do descontentamento social, sem falar que ações como esta entram em contradição com o direito internacional e com as resoluções do Conselho de Segurança da ONU”.
“De fato, hoje a situação do Oriente Médio é refém do estado das relações entre Rússia e Estados Unidos”, disse Aoun, que hoje ainda se reunirá com o presidente russo, Vladimir Putin.
A Síria denunciou o “ataque flagrante” à sua soberania, enquanto que o ministro das Relações Exteriores da Turquia, Mevlut Cavusoglu, criticou Trump por dar “virtualmente um presente eleitoral” a Netanyahu.
O porta-voz da ONU, Stephane Dujarric, afirmou nesta segunda que o status legal das Colinas de Golã permanece inalterado para as Nações Unidas após a decisão do presidente dos Estados Unidos.
“Para o secretário-geral (António Guterres), está claro que o status de Golã não mudou. A política da ONU em relação a Golã procede das resoluções aprovadas pelo Conselho de Segurança e esta política, novamente, não mudou”, disse Dujarric durante entrevista coletiva.
(Com AFP e EFE)