Após se recuperar da Covid, presidente mexicano diz que não usará máscara
Indo contra consenso médico, López Obrador argumentou que 'não é mais contagioso'
Em sua primeira coletiva de imprensa após sair de uma quarentena depois de testar positivo para Covid-19, o presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, indicou nesta segunda-feira, 8, que não usará máscaras, argumentando que “os médicos explicaram que ele não poderia infectar”. A afirmação chamou atenção, já que o país é um dos que apresentam as maiores taxas de infecções no mundo.
Em todo o país, de 126 milhões de habitantes, já foram registradas 1,9 milhão de infecções. Ao todo, 166.200 pessoas morreram.
AMLO, como o presidente é conhecido, anunciou ter testado positivo em 24 de janeiro e, segundo assessores, passou “praticamente assintomático”, mesmo sendo hipertenso e tendo sofrido um infarto em 2013.
Antes disso, López Obrador já havia sido criticado diversas vezes por não usar máscara, além de relativizar sua eficácia na prevenção dos contágios, e ignorar medidas de distanciamento social. Ele só usou a indumentária em público duas vezes, uma delas em julho passado, quando visitou o então presidente americano Donald Trump, em Washington.
Depois da quarentena, voltou para sua primeira fala pública nesta segunda-feira. Na entrevista, após ser perguntado por um jornalista, López Obrador disse que não vai usar máscara porque “não pode infectar” outras pessoas depois de se recuperar. A fala aconteceu pouco depois de um médico explicar na mesma entrevista coletiva que há possibilidade de reinfecção e disseminação do vírus.
“Pelo que os médicos dizem, não sou mais contagioso”, disse o presidente, ignorando o que foi dito anteriormente pelo médico. Mesmo assim, ele reiterou a recusa e agradeceu ao especialista em saúde pela gestão.
Além do número elevado de casos, a fala do presidente também se dá em meio a um aumento no desemprego e na pobreza. Na esteira da pandemia, a pobreza no México pode ter aumentado para 62,2 milhões de pessoas em 2020, contra 52,4 milhões em 2018, de acordo com uma estimativa do Conselho de Avaliação da Política de Desenvolvimento Social.