Após reunião com Putin, Orbán visita Trump ao fim de cúpula da Otan
Encontro faz parte do que premiê da Hungria chamou de 'missão de paz' para negociar o fim da guerra na Ucrânia, iniciada em fevereiro de 2022
O primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orbán, se reunirá com o ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump, nesta quinta-feira, 11, em Mar-a-Lago, resort de luxo do republicano na Flórida. O encontro ocorre após o término da reunião da cúpula da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), principal aliança militar ocidental, que teve início na terça-feira, em Washington. A iniciativa faz parte do que Orbán, considerado o líder europeu mais pró-Rússia, chamou de “missão de paz” para negociar o fim da guerra na Ucrânia, que eclodiu em fevereiro de 2022.
Antes de ir aos Estados Unidos, o premiê húngaro encontrou, em sequência, o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, o mandatário russo, Vladimir Putin e o líder da China, Xi Jinping, para tratativas sobre a invasão russa ao país vizinho. O circuito entre Europa, Ásia e, agora, América do Norte ocorre sem o aval da União Europeia, enquanto ele ocupa a presidência rotativa do bloco. Ou seja, na teoria, Orbán não teria o direito de representar os europeus para negociar os termos para o fim das hostilidades em território ucraniano.
A iniciativa atraiu críticas da presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, que mandou um recado direto a Orbán pelo X, antigo Twitter: “Um apaziguamento não vai parar Putin”. Ela disse, ainda, que “somente unidade e determinação pavimentarão o caminho para uma paz abrangente, justa e duradoura na Ucrânia”. Ele também não ficou imune a reprimendas na reunião da Otan. Em discurso, o presidente da Finlândia, Alexander Stubb, condenou o itinerário das últimas semanas do líder húngaro.
“Vou dizer em voz alta, não acho que haja sentido em ter conversas com regimes autoritários que estão violando o direito internacional”, disse Stubb, em referência ao pedido de prisão emitido contra Putin pelo Tribunal Penal Internacional (TPI) por crimes de guerra. “Ele (Orbán) pode fazer isso em seu próprio nome. Mas eu discordo fundamentalmente sobre fazer isso. Simplesmente não vejo o propósito.”
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Boas relações
A visita do primeiro-ministro também causa problemas nos Estados Unidos, que vivem um cenário político inflamado à medida que cresce a pressão para que o atual presidente, Joe Biden, abandone a corrida pela Casa Branca. Seu desastroso desempenho no debate contra Trump, no final de junho, atiçou as alegações de que o político de 81 anos está inapto a governar o país por mais quatro anos.
Figurão ultranacionalista, Orbán apoia abertamente a candidatura do republicano por considerá-lo a “única chance séria” para alcançar a paz na Ucrânia.
É a segunda vez, só neste ano, que o húngaro marca presença em Mar-a-Lago. Em comparação, sua recente visita ao território ucraniano foi a primeira desde o início da guerra. Entre as agendas que unem os dois populistas estão o cerco contra a imigração e as críticas aos gastos militares com a Ucrânia. Em março, o premiê afirmou que Trump contou que “não vai dar nem um centavo” a Kiev caso eleito
“Se os americanos não entregam dinheiro, os europeus não poderão financiar sozinhos essa guerra. E, então, a guerra vai acabar”, disse Orbán.