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Após derrota em eleições de Hong Kong, China ameaça manifestantes

Candidatos pró-democracia conquistaram quase 90% dos 452 assentos dos conselhos distritais do território em votação de domingo

Por Da Redação
Atualizado em 25 nov 2019, 17h19 - Publicado em 25 nov 2019, 16h37

Após a vitória esmagadora do bloco pró-democracia nas eleições distritais realizadas neste domingo, 24, em Hong Kong, a China reafirmou seu controle sobre o território e fez novas ameaças nesta segunda-feira, 25, contra os manifestantes que participam de protestos anti-Pequim há meses. “Não importa o quanto a situação em Hong Kong mude, é bastante claro que ela é parte do território chinês”, afirmou o ministro de Relações Exteriores da China, Wang Yi, em um evento em Tóquio. “Qualquer tentativa de minar sua estabilidade e prosperidade não vai ser bem-sucedida.”

Ao mesmo tempo, o porta-voz do ministério chinês das Relações Exteriores, Geng Shuang, afirmou que “conter a violência e restabelecer a calma são as tarefas mais urgentes em Hong Kong”. “A China se opõe às interferências nos assuntos de Hong Kong de qualquer potência estrangeira”, afirmou Shuang. “O governo central chinês apoia resolutamente a chefe do Executivo Carrie Lam na região administrativa especial.”

Desde o início das manifestações em Hong Kong, o governo chinês afirma que os “distúrbios” são provocados por elementos antichineses manipulados a partir do exterior. No fim de semana, a imprensa chinesa pediu aos habitantes de Hong Kong que comparecessem às urnas para acabar com a violência.

Vitória esmagadora

As eleições de domingo representaram uma pausa rara nos tumultos às vezes violentos, e os candidatos pró-democracia conquistaram quase 90% dos 452 assentos dos conselhos distritais, noticiou a emissora RTHK, apesar de uma oposição pró-establishment mobilizada e rica em recursos. A chefe do Executivo de Hong Kong, Carrie Lam, que tem postura pró-Pequim, disse em um comunicado que o governo respeita os resultados e que deseja “que a situação pacífica, segura e ordeira continue”.

“Há várias análises e interpretações na comunidade em relação aos resultados, e um número considerável é da opinião de que os resultados refletem a insatisfação do povo com a situação atual e os problemas enraizados da sociedade”, disse. O governo “ouvirá as opiniões dos membros do público humildemente e refletirá seriamente”.

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Os resultados provocaram comemorações e brados de “Libertem Hong Kong. Revolução agora” –um slogan usado por muitos manifestantes nos últimos seis meses– em algumas seções eleitorais. Fotos publicadas na internet mostraram pessoas comemorando diante de seções eleitorais e nas ruas de Central, o distrito comercial da cidade, e estourando garrafas de champanhe.

Regina Ip, membro do principal órgão de aconselhamento do governo e ex-chefe de segurança, foi vaiada com força por manifestantes em Central na hora do almoço. A votação terminou sem grades distúrbios na cidade de 7,4 milhões de habitantes em um dia que teve filas longas, mas organizadas, diante das seções eleitorais. “Isto é o poder da democracia. Isto é um tsunami democrático”, disse Tommy Cheung, ex-líder de protestos estudantis que conquistou uma cadeira no distrito de Yuen Long, próximo da fronteira com a China.

Os conselhos distritais de Hong Kong controlam parte dos gastos, decidem uma série de questões do cotidiano, como o transporte, e também servem como plataformas populares importantes para irradiar influência política.

(Com AFP e Reuters)

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