Apenas 13 países e territórios registraram ar ‘saudável’ em 2022
Relatório aponta que a poluição do ar está aumentando em níveis alarmantes, em meio a escassez de dados sobre países subdesenvolvidos
Um relatório da IQAir, uma empresa que monitora a qualidade do ar em todo o mundo, revelou nesta terça-feira, 14, que apenas 13 países e territórios tiveram qualidade do ar “saudável” em 2022. Especialistas estão preocupados com um aumento considerado alarmante da poluição no ano passado.
O levantamento descobriu que a poluição média de 90% dos países e territórios analisados ultrapassa os limites estabelecidos pela Organização Mundial da Saúde (OMS), que auxilia os governos a criarem regulamentos para proteger a saúde pública. Esses limites exigem um nível médio de poluição do ar de 5 microgramas por metro cúbico ou menos.
Ao todo, dos 131 países e territórios analisados, apenas seis nações (Austrália, Estônia, Finlândia, Granada, Islândia e Nova Zelândia) e sete territórios no Pacífico e no Caribe, incluindo Guam e Porto Rico, atenderam os requisitos.
Na outra ponta da lista, Chade, Iraque, Paquistão, Bahrein, Bangladesh, Burkina Faso, Kuwait e Índia se destacaram pela má qualidade do ar. Suas taxas excederam em muito as recomendações da OMS, com um índice de poluição média do ar acima de 50 microgramas por metro cúbico.
O relatório ainda aponta uma desigualdade no monitoramento do ar. Segundo ele, países em desenvolvimento na África, América do Sul e Oriente Médio têm menos estações de monitoramento, o que resulta em uma escassez de dados. Na África, apenas 19 dos 54 países africanos tinham dados suficientes disponíveis em suas estações.
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Houve uma melhora com relação aos dados de 2021, mas a África é o continente mais poluído do mundo, mesmo com os dados sub-representados. Prova disso é o fato de que toda vez que um novo país do continente é adicionado ao estudo, que antes carecia de dados, ele se encontra entre os mais poluídos.
“Se você olhar para o que é chamado de satélite ou dados modelados, a África deve ser provavelmente o continente mais poluído do planeta, mas não temos dados suficientes”, disse Glory Hammes, CEO da IQAir North America. “Precisamos de mais dados para realmente determinarmos quais são os países e cidades mais poluídos do mundo.”
Para os especialistas, a maior barreira é a maneira como os países monitoram o ar. Hammes relatou que a maioria dos governos tende a investir em equipamentos que não conseguem captar com precisão as partículas mais finas de poluição.
O estudo foi realizado com base no material particulado fino, ou PM2,5, que é o menor poluente, mas também o mais perigoso para a saúde humana. Quando inalado, o PM2,5 penetra no tecido pulmonar e pode entrar na corrente sanguínea. Ele é emitido por combustão de combustíveis fósseis, tempestades de poeira e incêndios florestais.
Vários problemas de saúde podem ser associados com a inalação de PM2,5, como asma, doenças cardíacas e outras doenças respiratórias. Além disso, milhões de pessoas morrem por conta da poluição do ar todo ano.
Em 2016, cerca de 4,2 milhões de mortes foram associadas ao material particulado fino, segundo as Nações Unidas. Na época, as diretrizes atuais ainda não eram aplicadas, mas caso fossem, quase 3,3 milhões de mortes poderiam ter sido evitadas, de acordo com a OMS.
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Os Estados Unidos melhoraram os índices com relação aos de 2021, devido a uma baixa temporada de incêndios florestais. Porém, entre as cidades com maior poluição do ar no país, se destaca o estado da Califórnia, que abriga 10 das 15 principais metrópoles listadas no relatório.
Os incêndios florestais e a queima de combustíveis fósseis para transporte e produção de energia são as principais causas para a poluição do ar em todo o mundo. O estudo aponta que, nos Estados Unidos, os incêndios já começaram a acabar com os ganhos que o país havia conseguido com relação a poluição do ar.
Já a China, que por décadas esteve no topo da lista de países com o ar mais poluído, continuou o processo de combate à poluição em 2022. Quase 64% das 524 cidades analisadas na China continental tiveram reduções anuais de PM2,5.
Apesar dessa melhoria, contudo, as cidades chinesas ainda não atendem ao limite recomendado pela OMS. O uso de carvão do país continua sendo uma grande preocupação climática e ambiental.