Angela Merkel anunciou nesta segunda-feira (29) que não irá concorrer à reeleição como chanceler da Alemanha em 2021. Ela também anunciou que deixará o cargo de presidente do seu partido, a União Democrata Cristã (CDU), em dezembro.
“Em primeiro lugar, no próximo congresso do partido em dezembro, em Hamburgo, eu não me apresentarei novamente como candidata para presidente da CDU”, disse Merkel a repórteres, depois que a legenda sofreu revés em uma eleição regional no domingo.
“Em segundo lugar, esse quarto mandato é meu último como chanceler da Alemanha. Na eleição federal em 2021, eu não me apresentarei novamente como candidata a chanceler, nem como candidata ao Parlamento, e não buscarei mais nenhum cargo político”, acrescentou.
Merkel, de 64 anos, é presidente da CDU desde 2000 e chanceler desde 2005.
O anúncio desta segunda acontece depois das eleições regionais no Estado de Hesse, no oeste do país. Segundo pesquisas de boca de urna, o partido de centro-direita da chanceler e seu parceiro socialdemocrata na coalizão de governo sofreram uma importante queda.
O CDU aparece em primeiro, com índices entre 27 e 28% dos votos, mas em queda de mais de 10 pontos em relação ao resultado da eleição anterior de 2013. Já os socialdemocratas também sofreram uma queda de mais de 10 pontos, a 20%, segundo pesquisa dos canais ARD e ZDF.
Segundo a chanceler, os resultados foram “um sinal claro de que as coisas não podem continuar como estão”. A chefe de governo afirmou ainda que os seus 13 anos na liderança do país foram um desafio diário e uma grande honra, mas reconheceu que chegou a hora de começar um novo capítulo.
Mesmo com o anúncio de hoje, ela reiterou estar pronta para continuar como chanceler pelo restante do atual mandato. Mas disse ser sua “profunda convicção” que “liderança de partido e o cargo de chanceler andam de mãos dadas”. A sua permanência como chefe de governo após a CDU escolher um novo líder em dezembro, explicou, só é possível por “tempo limitado”.
Os problemas internos de Merkel podem limitar sua capacidade de liderança na União Europeia, no momento em que o bloco está lidando com o Brexit, com uma crise orçamentária na Itália e com a perspectiva de partidos populistas obterem ganhos nas eleições para o Parlamento Europeu no próximo mês de maio.
“Angela Merkel é chanceler há 13 anos, mas, politicamente, nunca sofreu tanta pressão”, resumiu no sábado o jornal Süddeutsche Zeitung.
Ao deixar o cargo de presidente do partido, a chanceler permitirá que um novo presidente da CDU construa um perfil próprio antes da próxima eleição nacional, prevista para 2021. A favorita de Merkel para sucedê-la é a secretária-geral do partido, Annegret Kramp-Karrenbauer.
(Com Reuters, EFE e AFP)