O chanceler alemão, Olaf Scholz, disse nesta sexta-feira (8) em coletiva com o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, que a Alemanha está fazendo o possível para se livrar da dependência da energia russa, mas se recusou a confirmar que deixaria de importar o gás da Rússia até meados de 2024.
Ao invés disso, Scholz se limitou a dizer que seu país deixará de usar carvão russo até o verão do hemisfério Norte, no meio do ano, e o petróleo russo até o final de 2022. O chanceler insinuou ainda que a Alemanha não irá doar os 100 tanques pedidos pelo presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, ao departamento de defesa alemão, levantando tensões entre os países.
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O líder alemão aproveitou para defender o presidente da França, Emmanuel Macron, que foi criticado pelas constantes tentativas de diálogos com Vladimir Putin, dizendo ser importante ouvir outras vozes além daquelas de seu círculo íntimo.
Do lado do Reino Unido, Boris Johnson, que é um dos aliados mais próximos de Zelensky, disse não ser confiável negociar com alguém como Putin.
“Não me parece muito promissor ou confiável dialogar com alguém como ele. Sigo profundamente cético sobre as garantias de Putin”, disse ele, acrescentando que a “Europa que conhecíamos há apenas seis semanas e meia não existe mais”.
Ao longo da entrevista, Olaf Scholz foi pressionado a explicar o motivo pelo qual a Alemanha não está disposta a agir mais rápido para reduzir a escala das importações de energia russa, considerando que a União Europeia já gerou mais de 65 bilhões de euros em receita para a Rússia desde o início do conflito.
Em resposta, ele disse que leva tempo até que os terminais de gás natural liquefeitos na costa norte da Alemanha, que serão capazes de armazenar o produto importado de países como Catar e Estados Unidos, fiquem prontos.
“Estamos trabalhando ativamente para nos tornarmos independentes da importação de petróleo e achamos que conseguiremos fazer isso durante este ano. Isso, como você pode imaginar, não é tão fácil, porque precisa de infraestrutura para ser construída”, disse.
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Boris Johnson expressou simpatia pela situação alemã e disse que transformar os sistemas de energia de um país leva tempo, porém reforçou que acredita que a Alemanha irá parar de importar gás russo até meados de 2024.
Scholz enfatizou que a mudança no fornecimento de energia da Alemanha será permanente, algo que irá causar danos de longo prazo à economia russa, completando que o país irá usar energias renováveis para toda a sua eletricidade dentro de 20 anos.