Cem anos após o nascimento de Nelson Mandela, a África do Sul homenageia nesta quarta-feira 18 o ícone da luta contra o apartheid com uma marcha simbólica liderada por sua viúva, Graça Machel, e um fórum organizado pelo ex-presidente americano Barack Obama.
Durante uma grande celebração realizada em Mvezo, onde Mandela nasceu, o presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa, destacou que Mandela teve uma das vidas mais extraordinárias de todos os tempos. Também qualificou o ex-presidente como um grande líder porque soube se aproximar dos que são diferentes e dar esperança aos desesperados. Mandela morreu em dezembro de 2013, aos 95 anos.
Mandela nasceu em uma família de nobreza tribal em uma pequena vila. Possivelmente, viria a ocupar um cargo de chefia em sua comunidade, mas recusou esse destino aos 23 anos para mudar-se para a capital sul-africana, Johanesburgo, e iniciar sua atuação política.
Formado em direito, o jovem advogado assumiu a liderança da resistência não violenta da juventude negra. Entrou para a política e foi escolhido presidente regional do Congresso Nacional Africano (CNA), um partido político engajado no movimento negro. No ano de 1949, porém, o governo aprovou o regime segregacionista, ao qual deu o nome de apartheid.
Líder da resistência pacífica a esse regime, Mandela viajou por todo o país para convocar os negros a reagir e enfrentar as diversas proibições impostas ao seu povo. Também abriu um escritório de advocacia com um sócio, onde ambos trabalharam em centenas de casos na defesa dos interesses de cidadãos negros.
Em 1956, sua casa foi invadida pela polícia, e o líder foi preso. Outras 144 pessoas foram detidas no mesmo dia. Em 1957, tem início a tramitação do seu Julgamento por Traição. Falando em defesa própria, usou o julgamento como palanque para expor os fundamentos de sua luta pacífica – e começou a ser conhecido no resto do mundo.
Concluindo que a resistência pacífica seria insuficiente para combater o apartheid, ele passou a coordenar pequenos atentados de sabotagem contra o governo à frente da Lança da Nação, o braço armado do CNA. Perseguido, passou dois anos na clandestinidade até ser capturado.
Em 1964, Mandela foi condenado a prisão perpétua e enviado para a prisão da Ilha Robben, onde ocupou a cela com número 466/64, provida apenas de uma pequena janela de 30 centímetros.
Após inúmeras negociações e transferências entre prisões, Mandela foi liberdade em fevereiro de 1990, após 27 anos de prisão. Quatro anos depois, sua eleição como primeiro presidente negro da África do Sul pôs fim definitivo aos 45 anos de regime racista branco. Ele ocupou o cargo até o final de seu mandato, em 1999.
Hoje, Mandela é considerado o fundador da África do Sul moderna. Comandou o país em seu momento mais crítico, quando as tensões e ressentimentos acumulados após quatro décadas de segregação racial poderiam ter levado brancos e negros a uma guerra civil.
Apesar de ter sido visto como uma figura controversa durante grande parte da sua vida e denunciado como terrorista comunista por seus críticos, acabou sendo aclamado internacionalmente por seu ativismo e recebeu mais de 250 prêmios e condecorações, incluindo o Nobel da Paz, em 1993.
Mandela morreu em dezembro de 2013, aos 95 anos, após uma prolongada infecção pulmonar. Porém, todos os anos, o “Mandela Day”, que marca o nascimento em 18 de julho de 1918 de “Madiba”, como o líder sul-africano é carinhosamente chamado, tem sido comemorado em todo o mundo.
Quase 25 anos após o fim oficial do apartheid, porém, a pobreza persiste na África do Sul, sua economia desmorona, e o racismo continua alimentando tensões. Muitos questionam os sucessores de Mandela e a corrupção que gangrena a alta cúpula do Estado, especialmente sob a presidência de Jacob Zuma (2009-2018).