O ex-candidato às eleições presidenciais da Venezuela Javier Bertucci pediu, após a reeleição de Nicolás Maduro no domingo (20), a reunificação das forças opositoras, pois “o país não aguentará a crise até outubro”.
Segundo Bertucci, empresário e pastor evangélico, haverá oportunidade para a convocação de novas eleições presidenciais durante o ano, porque Maduro “não tem a capacidade para manejar o governo em meio a esta situação”.
“Sem dúvida, a partir de agora a crise se tornará mais aguda”, disse, após a divulgação dos resultados.
Javier Bertucci ficou em terceiro lugar nas eleições, com 10,8% dos votos. Henri Falcón, ex-chavista e principal concorrente de Maduro, terminou na segunda posição, com 21,2% dos votos.
Oposição dividida e fraca
Depois do esplendor de sua vitória nas eleições parlamentares de 2015, que pareceu deixar para trás um passado de divisões e derrotas, a oposição venezuelana, agrupada na coalizão de partidos Mesa da Unidade Democrática (MUD), voltou a se fraturar.
O motivo foi a decisão dos principais dirigentes de negociar com o governo, tentativa que fracassou no início de 2018. A Assembleia Constituinte integrada apenas por governistas, que vigora com poderes absolutos, antecipou as presidenciais para aproveitar o momento de divisão de seus principais oponentes.
A ruptura se aprofundou com a decisão do dissidente do chavismo Henri Falcón de se apresentar às eleições, afastando-se de um boicote da MUD, que pediu aos eleitores que se abstivessem para não legitimar uma votação que consideram fraudulenta.
Irregularidades
Bertucci e Falcón criticaram os resultados, denunciaram irregularidades e pediram novas eleições. A MUD também considerou a eleição uma “farsa” para perpetuar Maduro no poder.
Os opositores criticaram o chavista PSUV e outros partidos aliados do governo por cadastrarem os eleitores por meio da plataforma “Carteira da Pátria”, um sistema do Executivo com vários dados dos eleitores, entre eles que benefícios recebem do governo.
Em algumas seções eleitorais, os governistas instalaram os chamados “pontos vermelhos” para controlar a votação. Alguns deles tinham sido montados dentro das seções, apesar de terem sido proibidos pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE).
Os adversários de Maduro também denunciaram o abuso do “voto assistido”, isto é, o uso de acompanhantes para levar o eleitor até a máquina de votação para ajudá-lo no processo. O auxílio só é autorizado para idosos ou pessoas com alguma incapacidade.
Estados Unidos, Canadá, União Europeia (UE) e vários países da América Latina respaldaram a MUD, antecipando que não reconheceriam os resultados. Chile, Panamá e Costa Rica reafirmaram a posição nas últimas horas.