Depois de ter rejeitado um pedido da Black Lives Matter Global Network Foundation para registrar sua marca com três faixas paralelas amarelas na segunda-feira, 27, a gigante alemã Adidas voltou atrás nesta quarta-feira, 29. Segundo uma fonte próxima à empresa, ouvida pela agência de notícias Reuters, a rápida reviravolta foi desencadeada pela preocupação das pessoas interpretarem que a marca de artigos esportivos esteja criticando a missão da organização.
“A Adidas retirará sua oposição ao pedido de marca registrada da Black Lives Matter Global Network Foundation o mais rápido possível”, afirmou a empresa em comunicado.
A Black Lives Matter Global Network Foundation é a entidade mais proeminente do movimento descentralizado Black Lives Matter, que surgiu há uma década em protesto contra a violência policial contra os negros. Em 2020, o grupo solicitou a marca registrada federalmente das três listras amarelas para serem usadas em uma variedade de produtos, incluindo roupas, publicações, bolsas, pulseiras e canecas.
O movimento ganhou ainda mais força depois da morte de George Floyd, um homem negro, por policiais brancos. O caso escancarou o problema do racismo nos Estados Unidos e o abuso policial com pessoas negras, gerando uma onda de protestos em plena pandemia.
O motivo da Adidas ter negado a fabricação de uma blusa da fundação foi por ser parecida com a sua famosa marca de três listras, causando uma provável “confusão”. De acordo com a gigante alemã, o logotipo que se assemelha ao do Black Lives Matters é utilizado pela marca desde 1952, o que poderia fazer os compradores a pensarem que os seus produtos estão conectados ou vêm da mesma fonte. Apesar de rescindir sua oposição sem prejuízos, a empresa ainda pode contestar a marca pelos mesmos motivos no futuro.
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De acordo com documentos judiciais, de uma ação que a empresa moveu contra a casa de moda do estilista Thom Browne, desde 2008 a Adidas já entrou com mais de 90 ações judiciais e assinou mais de 200 acordos relacionados à marca registrada de três listras.
Procurados pela agência de notícias Reuters, o Escritório de Marcas e Patentes dos Estados Unidos se recusou a comentar sobre a rapidez com que a marca Black Lives Matter poderia ser registrada.