Em suas últimas horas no cargo de presidente dos Estados Unidos, Donald Trump divulgou nesta quarta-feira, 20, uma lista final de indultos e reduções de penas para aliados e celebridades. Entre os nomes beneficiados estão o do seu ex-conselheiro Steve Bannon e o de Elliott Broidy, um dos maiores doadores de sua campanha em 2016.
Ao todo, foram emitidos 73 perdões e 70 reduções de penas. A lista ressalta o grande número de apoiadores e aliados do presidente que se envolveram em casos de corrupção e outros problemas legais. Diferente do que havia sido especulado pela oposição, porém, o republicano não tentou beneficiar sua família ou a si mesmo.
Um dos nomes mais controversos na lista é o de Steve Bannon. O conservador foi um dos propulsores da vitória de Trump em 2016 e conselheiro sênior da Casa Branca – e é acusado de fraudar doadores da campanha online “We Build The Wall”, para construir o muro na fronteira com o México, que arrecadou 25 milhões de dólares.
Trump passou as últimas horas antes de liberar a lista conversando com Bannon por telefone e debatendo com seus assessores a concessão do perdão. Segundo a imprensa americana, o gabinete do republicano teme que o ex-assessor esteja envolvido na invasão ao Capitólio em 6 de janeiro. Após muitas mudanças de opinião, porém, o presidente decidiu incluir seu nome.
Entre os perdoados estão também Elliott Broidy, investidor que participou ativamente da arrecadação de fundos para a campanha eleitoral de Trump em 2016 e que foi condenado por lobby estrangeiro e por pressionar o presidente em uma série de investigações contra empresários asiáticos com os quais estava envolvido.
Dois rappers receberam clemência. Um deles foi Lil Wayne, que se confessou culpado em dezembro de possuir ilegalmente uma pistola Glock calibre .45 folheada a ouro e munição. O outro é Kodak Black, que foi condenado em 2019 a quase quatro anos de prisão depois de se declarar culpado de mentir em documentos ao tentar comprar armas.
Wayne endossou publicamente o republicano em outubro passado e poderia ficar até 10 anos na prisão caso fosse condenado. O rapper recebeu duras críticas de fãs e outros artistas americanos pelo seu apoio ao presidente, mas aparentemente foi compensado pelo gesto.
Trump também concedeu clemência a Aviem Sella, um ex-oficial da Força Aérea Israelense que foi indiciado pelos Estados Unidos em 1987 sob a acusação de espionagem e ao ex-engenheiro do Google Anthony Levandowski, condenado por roubo de informação sobre carros autônomos antes de pedir demissão da empresa e ser contratado pelo Uber.
O presidente, porém, recusou conceder clemência a Sheldon Silver, ex-porta-voz da Assembleia estadual em Nova York, condenado por acusações de corrupção em 2015. Várias pessoas entraram em contato com Trump e seus assessores em apoio a Silver, mas o magnata decidiu não seguir em frente com o perdão depois que uma série de republicanos o pressionaram para desistir da ideia.
Quebra de sigilo e deportação
Além de divulgar a lista, Trump determinou, em seu último dia como presidente, a quebra do sigilo sobre parte dos documentos que serviram como provas ao FBI no caso da interferência russa nas eleições de 2016. Uma longa investigação foi conduzida para determinar se o republicano colaborou com o Kremlin para garantir sua vitória, mas nenhuma acusação formal contra o presidente foi feita.
De acordo com a imprensa americana, Trump disse em um memorando interno da Casa Branca que alguns dos documentos foram editados antes de serem divulgados.
Por último, o magnata ainda interrompeu a expulsão de alguns imigrantes ilegais venezuelanos que estão nos Estados Unidos, pelo prazo de 18 meses, dadas as circunstâncias políticas do país latino-americano.