A invasão da Rússia à Ucrânia completou um ano nesta sexta-feira, 24. Depois de 365 dias de batalhas militares, violência, retóricas inflamadas e estratégias geopolíticas, os números da guerra ajudam a contar a história do conflito e medir a dimensão do impacto que ele causou nas vidas afetadas diretamente e no sistema internacional como um todo.
Uma das estatísticas mais importantes do conflito é o número de mortes de civis ucranianos, pessoas comuns que se viram inseridas no meio de uma guerra um ano atrás. O valor oficial divulgado é de que o conflito deixou 40 mil civis feridos, além de 8 mil mortos, mas as Nações Unidas reconhecem que o número real de óbitos deve ser muito maior. As estatísticas contabilizadas são de mortos cujas identidades foram confirmadas, porém em algumas regiões do conflito essa identificação é praticamente impossível. Avaliações independentes estimam que até 100 mil civis ucranianos podem ter sido mortos durante a invasão russa.
Quanto as mortes de militares, as informações divulgadas em relatórios ocidentais e russos costumam divergir. Agências de inteligência ocidentais estimam que cerca de 200 mil soldados russos foram feridos desde o início da guerra, e 100 mil desses morreram. Para os ucranianos, o número é menor, de 100 mil combatentes feridos, entre eles, 13 mil mortos. Dado o grande número de bombardeios e ataques com drones todos os dias, o número de baixas pode ser maior.
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Os ucranianos que conseguiram fugir do país também representam um número grande. Cerca de 14 milhões de pessoas foram obrigadas a sair de suas casas e se tornaram refugiadas em outros país, ou até mesmo migraram para outras partes da Ucrânia. Esse tipo de êxodo não era visto na Europa desde 1940, durante a Segunda Guerra Mundial.
A Polônia foi o país que mais recebeu refugiados, representando quase 5 milhões de pessoas. Hoje, cerca de 1,5 milhão de ucranianos vivem na Polônia, já que muitos voltaram para a Ucrânia ou seguiram para outros países. Segundo a ONU, grande parte dos refugiados de guerra também foi para a vizinha Romênia, mas muitos países europeus também receberam essas pessoas, onde atualmente residem mais de 8 milhões de ucranianos.
A população pré-guerra da Ucrânia era de 41,9 milhões e durante o conflito cerca de 19% migraram para outros lugares. Dentro do próprio país, cerca de 5,4 milhões de pessoas permanecem deslocadas de suas regiões de origem.
Muitos russos também escolheram deixar seu país por conta da guerra. O número exato de migrantes da Rússia varia entre 500 mil e um milhão de pessoas, em maior quantidade no segundo semestre de 2022, quando o presidente Vladimir Putin fez um grande recrutamento de 300 mil novos soldados para os frontes do conflito. Também é estimado que 20 mil russos tenham sido presos por protestos contra a guerra na Ucrânia, mesmo que hoje esse engajamento seja consideravelmente menor.
Antes da invasão, a Rússia já controlava mais de 25 mil quilômetros do território ucraniano, à exemplo da península da Crimeia, anexada ilegalmente por Moscou em 2014. Depois do início das ofensivas, esse número chegou até quase 100 mil quilômetros, cerca de 27% do território total. Porém, depois de uma forte contraofensiva da Ucrânia com apoio do Ocidente, no segundo semestre de 2022, 46 mil quilômetros foram recuperados. Isso deixa a Rússia atualmente com domínio de 18% do território ucraniano.
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Atualmente, depois que a Ucrânia recuperou a importante cidade de Kherson, no sul do país, a Rússia está engajada em uma uma nova ofensiva na região de Donbas, com o objetivo de tomar e manter as cidades de Donetsk e Luhansk. Os russos recuaram depois de uma tentativa fracassada de tomar a capital Kiev e outras cidades-chave no oeste e norte.
Grande parte dos avanços ucranianos se deve a ajuda internacional recebida pelo país. De 24 de janeiro de 2022 a fevereiro de 2023, o governo dos EUA diz que comprometeu mais de US$ 29,8 bilhões, cerca de R$ 150 bilhões, somente em ajuda militar aos ucranianos.
Apesar das estatísticas fornecerem uma boa base, as dimensões reais do conflito só vão poder ser analisadas depois do seu fim. Crimes de guerra ainda devem ser julgados, segundo o comissário de justiça da Comissão Europeia, que apontou que 65 mil pessoas são investigadas. Enquanto isso, previsões de especialistas apontam que a guerra ainda deve durar pelo menos mais um ano, mas ainda não há um fim claro no horizonte.