A França de cara nova: a hora do primeiro-ministro Gabriel Attal
Abertamente gay, solteiro após uma relação firme de quase dez anos, o ex-deputado de 34 anos conquistou simpatias pela atitude calma e decidida
Pondo o pragmatismo acima da finesse, o presidente da França, Emmanuel Macron, mandou sua primeira-ministra renunciar. Ela obedeceu. Na segunda-feira 8, Élisabeth Borne, tecnocrata no cargo há apenas um ano e seis meses, apresentou sua ressentida carta de afastamento. “O senhor me comunicou o desejo de mudar o primeiro-ministro”, disse, laconicamente. Foi o primeiro passo de uma muito antecipada reforma ministerial. Para o lugar de Borne, Macron indicou Gabriel Attal, ex-deputado de apenas 34 anos, macronista de primeira hora e o mais bem avaliado político da atual administração. Abertamente gay, solteiro após uma relação firme de quase dez anos, Attal serviu como porta-voz do governo durante a pandemia e conquistou simpatias pela atitude calma e decidida. Com a indicação de Attal para primeiro-ministro, cargo que na França equivale a uma espécie de faz-tudo do presidente, Macron espera, a poucos meses da abertura da Olimpíada de Paris, melhorar sua própria imagem e o prestígio de seu partido, o Renascimento, desgastados por medidas impopulares. O novo primeiro-ministro, centrista com um pé na direita, também se encaixa na estratégia do presidente de agradar aos conservadores e frear a ascensão de Marine Le Pen, a líder da extrema direita que ele derrotou na eleição de 2022. Nas pesquisas de intenção de voto na disputa pelas cadeiras do Parlamento Europeu, marcada para junho, o Reagrupamento Nacional dela está 8 pontos à frente do Renascimento dele. A França se mexe.
Publicado em VEJA de 12 de janeiro de 2024, edição nº 2875