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A controversa nova arma que os EUA querem fornecer à Ucrânia

Munição proibida em uma série de países, conhecida por causar ferimentos graves a civis, deve estar em novo pacote de auxílio de Washington a Kiev

Por Da Redação
Atualizado em 7 jul 2023, 15h30 - Publicado em 7 jul 2023, 09h40

Os Estados Unidos devem anunciar um novo pacote de ajuda militar para a Ucrânia nesta sexta-feira, 7, que pode incluir uma arma extremamente controversa conhecida como “munições cluster”, ou bombas de fragmentação, segundo a mídia americana.

A medida ocorre enquanto a Ucrânia consome incessantemente o suprimento disponível de projéteis de artilharia convencional, e levará tempo para aumentar sua produção. O presidente americano, Joe Biden, está sob constante pressão do líder ucraniano, Volodymyr Zelensky, que argumenta que as bombas de fragmentação são a melhor maneira de atingir soldados russos em trincheiras, que bloqueiam a contraofensiva de Kiev para retomar o território.

O que são bombas de fragmentação?

São recipientes que carregam de dezenas a centenas de outras pequenas bombas, também conhecidas como submunições. Elas podem ser lançadas de aviões, acopladas em mísseis ou disparadas de equipamentos como lançadores de foguetes.

Os recipientes se abrem em uma altura preestabelecida, dependendo da área do alvo pretendido. As pequenas bombas, então, se espalham por essa área, e respondem a um cronômetro para explodir mais do chão. Quando são ativadas, espalham estilhaços para matar soldados ou destruir veículos blindados, como tanques.

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Os Estados Unidos têm um estoque de bombas de fragmentação conhecidas como DPICMs, ou munições convencionais aprimoradas de dupla finalidade. Elas deixaram de ser usadas pelo exército americano após sua eliminação gradual, que começou em 2016.

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Cada uma dessas bombas DPICM tem um alcance letal de cerca de 10 metros quadrados, de modo que um único recipiente pode cobrir uma área de até 30 mil metros quadrados (ou três campos de futebol), dependendo da altura em que é liberado. Embora dez ou mais bombas sejam necessárias para destruir totalmente um veículo blindado, uma já basta para desativar as armas de um tanque, ou deixá-lo imóvel.

Tanto os ucranianos quanto os russos já usaram bombas de fragmentação desde o início da guerra na Ucrânia, em fevereiro de 2022. Mais recentemente, Kiev começou a usar armas do tipo fornecidas pela Turquia.

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Perigo e polêmica

Autoridades ucranianas têm pressionado os Estados Unidos a fornecer essas munições cluster desde o ano passado, argumentando que ajudariam a reduzir a superioridade numérica da Rússia. No entanto, como as bombas caem em uma área ampla, elas podem colocar em perigo não apenas soldados – 94% das vítimas registradas de bombas de fragmentação são civis, das quais quase 40% são crianças.

Além disso, entre 10% a 40% das munições falham, de acordo com o Comitê Internacional da Cruz Vermelha. As munições não detonadas podem colocar vidas em risco mesmo décadas depois.

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Em um comunicado nesta sexta-feira, a organização não governamental Human Rights Watch recomendou que os Estados Unidos não enviem bombas de fragmentação para a Ucrânia. Usar as munições para atacar soldados ou veículos inimigos não é ilegal sob a lei internacional, mas atingir civis pode constituir um crime de guerra, de acordo com o órgão.

Grande parte do mundo proibiu o uso dessas armas por meio da Convenção sobre Bombas de Fragmentação (CCM), que também proíbe o armazenamento, produção e transferência delas. Embora 123 nações tenham aderido a essa convenção, os Estados Unidos, a Ucrânia, a Rússia e 71 outros países ficaram de fora.

Essas bombas têm sido usadas desde a II Guerra Mundial e em dezenas de conflitos desde então, de acordo com a organização Cluster Munition Coalition. Os Estados Unidos usaram as armas pela última vez no Iraque, de 2003 a 2006, segundo o órgão.

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