600 venezuelanos improvisam acampamento na Colômbia
Eles esperam reabertura das fronteiras de seu país depois de irem à Colômbia apoiar a caravana de Juan Guaidó a favor da ajuda humanitária internacional
Pelo menos 600 venezuelanos estão acampados na cidade de Cúcuta, na Colômbia, perto da fronteira com a Venezuela. Eles ficaram presos no país vizinho depois que o ditador Nicolás Maduro e o presidente colombiano Ivan Duque ordenaram que o trânsito entre as nações fosse bloqueado, e estão à espera de uma decisão que os permita voltar para sua terra natal.
São três os acampamentos improvisados, em que convivem famílias que foram à Colômbia apoiar a entrada da ajuda humanitária oferecida pelos países da região e rejeitada por Maduro. Algumas delas chegaram no dia 22 de fevereiro para participar do concerto Venezuela Aid Live, organizado pelo presidente autoproclamado Juan Guaidó em parceria com aliados latino-americanos, outras foram à Colômbia apenas no dia 23 para seguir a caravana de alimentos e remédios convocada pelo governo interino venezuelano, que pretendia comemorar um mês de existência furando o bloqueio do regime chavista.
Em entrevista ao jornal TalCual, o médico Gerardo Vega, coordenador do programa Médicos Unidos pela Venezuela, disse que “as pessoas não tinham onde ficar e, por isso, organizamos e levantamos esse acampamento para prestarmos auxílio, oferecermos comida e um lugar para eles dormirem.”
Ainda segundo Vega, alguns dos acampados ficaram feridos nos enfrentamentos com a polícia venezuelana nas pontes de fronteira e foram rapidamente atendidos pela Defesa Civil. “Temos atendimento médico e os civis oferecem doações de alimentos, já que não temos o suficiente com o aumento do número de cidadãos.”
Apesar da estrutura, o médico afirmou que, em teoria, os acampamentos só deveriam funcionar até segunda-feira 25, quando acabaria o prazo de fechamento da fronteira previsto pelo governo de Duque. Mas, graças aos recentes distúrbios na região, o diretor de migração da Colômbia, Christian Krüger Sarmiento, anunciou uma prorrogação de 24 horas dos bloqueios, que seguirão por toda terça-feira, 26.
“Ao fim destes dias coordenaremos o retorno destes venezuelanos. Mas nos preocupa como eles serão recebidos do lado de lá da fronteira”, completou o médico, mencionando possíveis represálias do regime chavista, que já prometeu punir Guaidó quando ele retornar à Venezuela. Além de organizar manifestações, o presidente interino participou de uma reunião em Bogotá, capital da Colômbia, com representantes do Grupo de Lima e o vice-presidente americano, Mike Pence, em mais um desafio à autoridade de Maduro.
Enquanto isso, nos acampamentos em Cúcuta, foram formados 14 grupos, cada um com um líder para coordenar a logística de alimentação, entrega de mantimentos, água, roupas e medicamentos, além do uso dos quatro banheiros químicos disponíveis.
Membros de diversas Organizações Não Governamentais (ONGs), fundações, funcionários da Defesa Civil e membros da Coalizão Aid&Freedom estão à frente da organização dos assentamentos. Influenciadores colombianos criaram pontos de arrecadação de doações no Parque Simón Bolívar, um dos mais importantes de Bogotá.
“Decidimos nos unir e buscar ajuda. Pedimos água, medicamentos, itens de higiene e comida. Começamos a campanha há cinco dias e logo juntamos 20 colaboradores para impulsionar a ação. Já são muitas as pessoas que se solidarizaram com nossos irmãos venezuelanos que estão na luta porque desejam um país livre”, declarou ao jornal El Pitazo Jorge Martínez, um dos organizadores do projeto.