Passados 20 anos dos ataques terroristas do 11 de setembro de 2001, pode-se dizer que a vida dos muçulmanos que moram nos Estados Unidos nunca mais foi a mesma. O terror imposto pelo saudita Osama Bin Laden e sua organização, a Al Qaeda, desencadeou uma onda anti-islã sem precedentes – e que persiste ainda nos dias de hoje.
Após o 11 de setembro, os crimes de ódio contra seguidores do Islã dispararam nos Estados Unidos. Em 2000, as autoridades haviam contabilizado somente 28 incidentes em todo o país, número que chegou a 481 em 2001. Desde então, os crimes com motivação islamofóbica jamais baixaram. Em 2019, o FBI, a polícia federal americana, contabilizou 219 atos de violência.
A tensão chegou também às urnas. Em 2016, os americanos elegeram Donald Trump, um republicano com clara plataforma anti-islã. Durante sua campanha eleitoral, Trump prometeu, inclusive, banir a entrada de qualquer seguidor da fé islâmica caso fosse eleito. Um gesto, é claro, impossível de ser colocado em prática.
“O ódio e a discriminação aumentaram significativamente”, afirma Sumayyah Waheed, consultor político que trabalha no Muslim Advocates, grupo de direitos civis com sede em Washington. “A vida cotidiana dos muçulmanos americanos se tornou um assunto de debate. Sua fé foi racializada e todas as comunidades enfrentaram intenso escrutínio”, completa.
Desde o 11 de setembro, a população muçulmana nos Estados Unidos quase dobrou, chegando a 3,5 milhões em 2017, de acordo com o instituto de pesquisas Pew Research Center. Ainda segundo o levantamento, três quartos dos adultos muçulmanos do país são imigrantes ou filhos de imigrantes.
Além do crescimento numérico da comunidade, os últimos 20 anos também trouxeram avanços importantes de representatividade. Pela primeira vez, os americanos elegeram muçulmanos para o Congresso. Afro-americanos convertidos, Keith Ellison e André Carson foram os pioneiros, abrindo caminho em seguida para Rashida Tlaib, filha de imigrantes palestinos, e Ilhan Omar, refugiada da Somália.