“Demos qualidade de vida às pessoas”
Indicado ao Prêmio Veja-se na categoria Inovação desenvolve soluções para a agricultura familiar no interior do Nordeste
Entre os alimentos que chegam à mesa de famílias brasileiras todos os dias, 70% são produzidos pela agricultura familiar, e 50% dos estabelecimentos responsáveis por essa cultura se encontram no semiárido. O Nordeste, porém, uma região habituada a enfrentar longos períodos de estiagem, vem sendo ainda mais castigado pelo efeito das mudanças climáticas. Em consequência do aquecimento global, a alteração no regime de chuvas impacta diretamente o potencial de produção das roças dos pequenos agricultores.
Desde 2006, Daniele Cesano coordena no interior da Bahia o projeto Adapta Sertão, que aplica, com financiamento do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), o Sistema Mais: Módulo Agroclimático Inteligente e Sustentável. Com uma equipe de assistência técnica, Cesano leva aos agricultores práticas de manejo que aperfeiçoam a produção, ensina estratégias para investimentos em segurança hídrica e alimentar para animais e desenvolve planos de recuperação florestal para produtores acostumados a ver o gado morrer na seca e a colheita desaparecer pela falta de chuva. Enquanto a produção aumenta, os fazendeiros recuperam áreas degradadas e ajudam a reverter os danos ambientais causados no passado. O
objetivo do projeto é atender ao menos 700 produtores até 2018, mas 2017 foi o ano em que o modelo aplicado a 100 propriedades, entre fazendas de leite e de cordeiro, mostrou-se viável para ser difundido em larga escala. Na prática, isso significa que os fazendeiros conduziram o negócio de tal modo que os animais conseguiram sobreviver a dois anos consecutivos de seca e, com o uso correto da água, a produção de leite aumentou em quase 50%. “Demos qualidade de vida a pessoas que se sentiam abandonadas à própria sorte. Os agricultores estão conseguindo contratar outras pessoas da região para ajudar no dia a dia e têm mais tempo livre. Tornaram-se empreendedores”, diz Cesano.
O italiano radicado no Brasil acredita que a transformação começa na educação. Embora os sistemas familiares de agricultura e pecuária sejam amplamente criticados como modelo econômico, o engenheiro defende a tese de que o problema está na falta de orientação aos produtores para que trabalhem de maneira sustentável. No Brasil desde o início do projeto, Cesano explica que, sem a dedicação integral, de corpo, tempo e alma, não teria sido possível obter sucesso no plano de garantir a produção de alimentos e a geração de renda na sociedade da região. “Começamos no semiárido, mas o sonho é levar o modelo à Amazônia e para fora do Brasil. É possível produzir em escala, de maneira consciente e com uma vida digna”, diz Cesano.
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