Black Friday: Revista em casa a partir de 8,90/semana
Continua após publicidade

Mercado efervescente: setor de kombuchas se expande e ganha escala industrial

Ao beber da crescente demanda por alimentos naturais, produto chega a 270 marcas apenas no Brasil

Por Valéria França Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 15 set 2024, 08h00

Uma receita milenar de chá fermentado, refrescante e levemente gaseificado está conquistando o mundo, agora com novos ingredientes e sabores. A família dos kombuchas — palavra de origem japonesa que remete a uma alga marinha e virou sinônimo de bebida que faz bem à saúde — está em ebulição, especialmente em terra brasileira. Diz a lenda que o preparo foi inventado na China por volta de 220 a.C. Ao longo dos séculos, ele deu a volta ao globo. Agora surfa a onda de um mercado em alta, o de alimentos com apelo saudável. No início, ao despontarem os anos 2000, o produto fez sucesso entre um grupo restrito de brasileiros, à época rotulados de “naturebas”. Mas, da pandemia para cá, a clientela aumentou barbaramente, com toda uma indústria ganhando escala e mais gente seguindo o ritual de elaborar seu próprio kombucha em casa.

arte softdrink
(./.)

O fenômeno é internacional. As vendas da bebida chegam a 2,6 bilhões de dólares ao ano e projeta-se um crescimento de 15% até 2030. Para brasileiros, não faltam opções em supermercados e lojas de produtos naturais, em diversos tipos de embalagem — da garrafa de vidro ao Tetra Pak — e inúmeros aromas, com a vantagem de a bebida pronta ter se livrado do sabor residual de vinagre. O setor se profissionalizou, se diversificou e se proliferou. A grande virada por aqui ocorreu em 2023, quando pequenas marcas foram incorporadas por startups e empresas com fôlego para bancar a industrialização do processo. “Tudo ficou mais fácil. Muitas marcas compram a base de kombucha pronta”, diz Fernando Carvalhaes, que, ao lado de Leonardo Andrade, comanda a Companhia dos Fermentados, produtora em São Paulo.

Para ser um autêntico kombucha, o produto deve ser feito à base de Camellia sinensis, a planta que dá origem aos chás verde, branco e preto. A mistura primeiro é adoçada e depois fermentada por leveduras e bactérias, etapa que resultará na gaseificação. Mas a receita pode ir além, ganhando sabores tropicais, com a inclusão de ingredientes como capim-santo, jabuticaba, maracujá, açaí e frutas vermelhas. Estima-se que atualmente o mercado nacional tenha 270 marcas. “Há mais fabricantes no Brasil do que no Canadá, mas a produção deles ainda é maior”, diz o biólogo Lucas Montanari, da Associação Brasileira de Kombuchas. Em número de rótulos, ficamos em segundo lugar, atrás apenas dos Estados Unidos.

EBULIÇÃO - Nas prateleiras: versões menos ácidas conquistam o paladar
EBULIÇÃO - Nas prateleiras: versões menos ácidas conquistam o paladar (JB Lacroix/Full Picture Agency/AFP)
Continua após a publicidade

Lá fora, porém, o ramo esbanja criatividade para atrair mais e mais consumidores — inclusive os jovens que preferem uma garrafinha de kombucha à de cerveja. Há shots concentrados, para dar mais energia ou tranquilidade; produtos enriquecidos com fibras e vitaminas; e até versões com canabidiol, substância derivada da maconha que não tem o efeito psicoativo. Com uma legislação que não possibilita tantas extravagâncias, a indústria brasileira se preocupa mais em adaptar a bebida ao gosto do freguês, além de otimizar o processo de produção e logística.

Essa foi a estratégia da Reconexo, marca de kombucha que estreou neste ano. “Um dos ajustes foi atingir o paladar mais popular”, diz o médico Thiago Valette, dono da empresa. O kombucha clássico é mais ácido, propriedade que não agrada a tanta gente. Por isso, a marca decidiu optar pelo sabor adocicado. Outra mudança está na estabilidade química do preparo, que agora pode ser conservado fora da geladeira. Ora, o kombucha é muito sensível à variação de temperatura e, geralmente, tem validade de apenas quinze dias sob refrigeração. Por último, a equipe de Valette preferiu a lata de alumínio ao vidro para envasar. O motivo: a embalagem facilita o transporte e a estocagem, além de ser o material mais reciclado no país.

ESCOLA - Fernando Carvalhaes (à esq.) e Leonardo Andrade: cursos em alta
ESCOLA - Fernando Carvalhaes (à esq.) e Leonardo Andrade: cursos em alta (Léo Andrade/.)
Continua após a publicidade

A movimentação de investidores em torno do soft drink tem a ver com uma transformação no perfil do consumidor, cada vez mais preocupado com o bem-estar físico e mental. Quase metade dos brasileiros (46%) busca manter um cardápio balanceado, de acordo com o último Panorama do Consumo de Alimentos Saudáveis no Brasil. Nessa direção, nosso setor de produtos naturais movimenta, em média, 35 bilhões de dólares ao ano — somos o quarto maior mercado do planeta. Até os gigantes da indústria alimentícia estão atentos às mudanças e procurando se adaptar. A Coca-Cola, por exemplo, incorporou ao portfólio a marca australiana de kombuchas Mojo.

Fato é que o público que tem trocado refrigerantes por produtos com apelo mais natural e saudável só aumenta. Faz parte dele a apresentadora e cineasta Marina Person, de 55 anos. Ela experimentou kombucha pela primeira vez na França e gostou tanto que, de volta ao Brasil, se inscreveu num curso para aprender a receita. “É uma bebida com probióticos, que ajudam no equilíbrio do intestino”, diz. Marina pegou tanto o jeito que hoje divide o scoby, o mix de microrganismos responsáveis pela fermentação, com os amigos. E não falta gente que queira embarcar nessa. Saúde.

Publicado em VEJA de 13 de setembro de 2024, edição nº 2910

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Semana Black Friday

A melhor notícia da Black Friday

BLACK
FRIDAY

MELHOR
OFERTA

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

Apenas 5,99/mês

ou
BLACK
FRIDAY
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (a partir de R$ 8,90 por revista)

a partir de 35,60/mês

ou

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.