DOHA – O técnico Tite contou ter tirado importantes lições da surpreendente derrota da Argentina para a Arábia Saudita na última terça-feira, 22, curiosamente o mesmo palco da estreia da seleção brasileira na Copa do Mundo do Catar, o Estádio Lusail. Na última entrevista antes da estreia na competição, ao lado de Thiago Silva, que será seu capitão no torneio, ele optou por manter o mistério e não divulgar a escalação que inicia a partida desta quinta-feira, 24, diante da Sérvia, às 16h (de Brasília).
“Serve como análise, sim, como reflexão. Não há grandeza, nem facilidade maior ou menor. Talvez este seja o grande aspecto. Não tem marca, não tem grife. Tem orgulho de cada país em fazer seu melhor”, disse o treinador, que, mesmo diante da insistência dos jornalistas, não quis revelar seu 11 inicial.
“A equipe não vou definir, para não dar ao adversário a oportunidade de saber. As variações vocês sabem e não vou falar. Eu faço escolhas, agrado a uns e outros, não. Isto é da escolha e da função do técnico, mas os atletas do meio para frente se escolheram também. Em cada clube eles estão com protagonismo e qualidade excepcionais”, afirmou em outro momento.
A principal dúvida diz respeito a Vinicius Junior: se o atacante do Real Madrid entrar, quem deve sair é Fred, com Lucas Paquetá para o lado de Casemiro. Tite, porém, tem preferido escalar apenas um ala pela direita (Raphinha ou Antony) e jogar com Paquetá mais aberto na esquerda, próximo de Neymar, com um 9 mais fixo (Richarlison).
O zagueiro Thiago Silva também concedeu entrevista depois de ser escolhido como o capitão da equipe. O treinador, inclusive, contou a jornalistas depois da coletiva que pretende manter o posto para o experiente defensor até o fim da competição, abolindo o habitual rodízio de capitães. O jogador do Chelsea se disse pronto para ostentar a braçadeira em sua terceira Copa seguida, superando recorde que pertencia a Dunga e Cafu na seleção.
“É natural (amadurecimento), hoje sou muito melhor preparado. Às vezes é preciso bater a cara na parede para aprender. Hoje sou um cara bem mais preparado, tranquilo, com a confiança de todos. Me sinto num dos melhores momentos da carreira aos 38 anos”, afirmou Thiago Silva.
Restando pouco mais de 24 horas para a sua segunda Copa da Carreira, o treinador de 61 anos diz que não aceita para si o termo pressão. “Estou um pouco mais leve, mais em paz, mais Adenor”, minimizou o treinador. Ele ainda pediu para não ter sobre os ombros a responsabilidade do jejum de 20 anos sem conquistas de mundiais – o último deles aconteceu em 2002, na Coreia do Sul e no Japão.
“Não me coloca responsabilidade de 20 anos, são só quatro (risos), de um processo todo”, afirmou. ” O Tostão fala isso, que é bom sonhar, então sonhamos fazer uma grande Copa e ser campeão. E se não for, fazer o melhor. Um só vai ser campeão, mas tem a sensatez e naturalidade que outras grandes seleções buscam este patamar. Pressão é inevitável”, acrescentou.
Apesar de refutar pressão, Tite aparenta preocupação com o primeiro adversário, observado por Lucas de Oliveira, analista do Palmeiras, e pelo ex-zagueiro Ricardo Gomes. “A Sérvia tem percentual de gols altíssimo, não tomou gols em 22 dos 29 jogos em Eliminatórias. Não acredito em encher de atacantes nem encher de defensor. Eu entendo que o ponto de equilíbrio está no meio-campo, nas movimentações. E aí, sim, ter uma equipe equilibrada”, explicou.
Além do bom desempenho defensivo, outra preocupação é com os atacantes Mitrovic e Vlahovic, principais referências ofensivas dos rivais. O atacante da Juventus dá sinais de melhoras de uma lesão crônica sofrida durante esta temporada, mas logo após a coletiva de Tite o técnico Dragan Stojkovic o manteve como dúvida, por um problema muscular.
O Brasil está no Grupo G da Copa, também composto por Suíça e Camarões. Os outros dois rivais duelam mais cedo, às 7h (de Brasília), no estádio Al Janoub.