O time do Grêmio errou passes em grande escala, passes que não podiam ser errados. Desperdiçou chutes que não podiam ser errados. Não se impôs dentro do Olímpico como tem que se impor. Não venceu como tinha que vencer. A equipe foi uma avalanche de ‘nãos’ no empate por 1 a 1 com o América-MG, em uma noite que bastaria um sim para deixá-la mais agradável.
Os erros de execução e/ou de decisão dentro de campo não preocupam tanto quanto o que se passa pela cabeça dos jogadores. A sensibilidade do técnico Júlio Camargo detectou problemas emocionais no seu ambiente de trabalho. Questões que não estão ligadas diretamente aos fundamentos do futebol, mas que influenciam no resultado final de uma partida.
‘Temos que ter mais tranquilidade, quando se pára duas ou três vezes na cara do goleiro, tem que ter mais tranquilidade para fazer o gol’, comentou o treinador após o jogo, lamentando alguns lances desperdiçados. ‘Nosso vestiário está machucado. Essa situação de trabalhar muito tenso reflete no momento final. A carga emocional está aqui dentro. Está no torcedor, está no ambiente. Temos que saber trabalhar isso’, diagnosticou.
A tensão esteve presente nos corredores do Olímpico após o empate de quarta-feira. Geralmente rápidos para aparecerem para conceder entrevistas, dirigentes e o treinador demoraram quase uma hora para darem suas explicações por mais um fracasso no Brasileirão.
Com quase um mês no clube, o trabalho de Camargo ainda não encaixou. Exceção feita ao segundo tempo diante do Coritiba, em sua segunda partida, a equipe não teve um rendimento próximo do que se espera. Nos dois últimos embates tempo para trabalhar não faltou. Foram dez dias de treinos antes do 0 a 0 com o Figueirense e mais uma semana antes de encarar o Coelho, em casa. No geral, o técnico tem quatro jogos, uma vitória, dois empates e uma derrota.
O mau tempo não afeta a confiança do treinador. Ele quer fazer do meio dos raios e trovões surgir o sol no céu azul. Pela primeira vez treinando em um clube de elite, Camargo mostra personalidade diante da primeira grande dificuldade.
‘Nunca fui treinador que tive medo dos enfrentamentos. Por não ter ganhado em casa. É momento mais tenso dos 25 dias que estou aqui. Trabalhamos num campeonato de idas e vindas. Não tenho medo do que vem pela frente’, garantiu.