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Superação no tablado: o bronze histórico da ginástica brasileira

A medalha inédita marca a ascensão no Brasil da modalidade, que custou a entrar no panteão dos melhores do mundo

Por Monica Weinberg, de Paris
Atualizado em 30 jul 2024, 20h28 - Publicado em 30 jul 2024, 17h27

O duelo travado pela equipe brasileira de ginástica artística na arena de Bercy, em Paris, cravou (para usar o jargão) um feito inédito, que marca uma escalada da modalidade antes distante dos pódios importantes. O bronze olímpico na prova por equipes, numa batalha por medalhas que tinha do outro lado do tablado a espetacular Simone Biles, dos Estados Unidos (eles levaram o ouro), foi resultado de um avanço gradativo do esporte que encanta o olhar com uma mistura de força e leveza.

Foi uma daquelas provas contra-indicadas para cardíacos, com desequilíbrios e quedas das brasileiras ao longo do circuito – a própria Rebeca errou na trave. Mas foi ela, aplaudidíssima do começo ao fim, que puxou para cima, em todos os aparelhos, a nota do time, composto por Flávia Saraiva, Jade Barbosa, Lorrane Oliveira e Júlia Soares. “Olha que legal: hoje a gente consegue ganhar medalha mesmo com a nossa não melhor competição”, avaliou Jade, a veterana do grupo.

Elas apareceram entusiasmadas, já com o bronze no peito, após o pódio que compartilharam ainda com as italianas, as vice-campeãs. Trazendo um curativo na testa – “caí no aquecimento e achei que tinha perdido os dentes” -, Flávia falou: “Sei que não foi minha melhor competição, mas fiz tudo o que pude. A prova por equipe é assim, uma pela outra.” Já Rebeca, com sorriso largo, comentou a foto (não de agora) em que Simone admira um de seus saltos: “Imagina o que isso é para mim, uma honra” – e completou: “Fico feliz dela ter ido tão bem.”

O Brasil passou a maior parte da competição na sexta posição. A virada veio com o salto, em que todas foram bem e Rebeca, excepcional. Na comparação com a própria Simone, ela se saiu melhor no aparelho – ficou com 15 100 pontos versus os 14 900 da americana que dominou a competição em Bercy, sempre captada pelas câmeras e projetada no telão, onde as notas iam sendo laçadas. Ela não desgrudava os olhos de lá, até saber sua nota, e aí pulava, comemorando.

Logo no anúncio da chegada da equipe brasileira, o público aplaudiu efusivo, gritando “Brasil, Brasil!” e, mais forte ainda, “Rebeca, Rebeca!” O americano Ronald Ross, 42 anos, dizia: “Eu amo a Rebeca. Ela
é graciosa e potente”, explicou. Rebeca ou Simone? “As duas.”

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CABEÇA BOA

Em Paris, elevada pressão pesa sobre Rebeca, que vem acumulando medalhas no cenário internacional, como as do Mundial na Bélgica, em 2023, quando esteve em quase todos os pódios com Simone. A equipe brasileira terminou o campeonato com uma prata – um feito que revestiu a equipe de esperança para esta Olimpíada e emite um incontestável sinal de avanço.

Aos 25 anos, Rebeca desembarcou na cidade rodeada de altas expectativas, o que, para muito atleta, acaba sendo algo desmedido. Mas parece que a menina pobre que aos 4 anos já estava às voltas com saltos e giros, lá em Guarulhos, São Paulo, está preparada para aguentar os solavancos da competição, na qual ainda vai brigar por quatro medalhas.

Um fator que sopra a favor é o trabalho mental que ela vem fazendo desde 2013, sem parar. “Rebeca sabe lidar com os limites dela, o que é essencial”, diz Aline Wolff, psicóloga do Comitê Olímpico Brasileiro (COI), que a acompanha, além de dar suporte a Lorrane Oliveira. “O trabalho é para que não fique concentrada em Simone Biles. Não dá para ter controle sobre o outro”, conta Aline, que garante que a rivalidade entre as duas é “invenção”.

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Nos três anos que separam Paris e Tóquio, Rebeca, que ficou com duas medalhas no Japão (ouro no salto e prata no individual geral) ganhou estatura. “Hoje, ela é uma mulher que sabe o seu valor”, acrescenta a psicóloga.

O BRASIL NO MAPA

A medalha por equipes se soma a outras seis que a ginástica artística brasileira acumulou até agora no circuito olímpico, um panteão em que pisou há relativamente pouco tempo. O primeiro nome alçado ao pódio em Jogos foi Artur Zanetti, que levou o ouro nas argolas em 2012, em Londres.

Ao sair da prova, medalha conquistada, o treinador Chico Porath olhou para o cenário lá adiante: “O resultado dessas meninas tem o potencial de inspirar as outras que não vieram aos Jogos desta vez.”

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Mas calma que ainda tem mais: até 5 de agosto, serão disputadas as provas individual geral e as de cada um dos quatro aparelhos – trave, barras assimétricas, solo e salto sobre o cavalo, a especialidade de Rebeca. São ao todo mais de seis medalhas possíveis no horizonte. Nada como poder fazer história numa cidade como Paris.

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