As coincidências entre Jelena Ostapenko e o brasileiro Gustavo Kuerten não se resumem ao fato de os dois serem tenistas. A atleta da Letônia nasceu no dia 8 de junho de 1997, data da conquista do primeiro título de Guga em Roland Garros. Se o garoto de Florianópolis, então com 20 anos, surpreendeu o mundo naquele ano, Ostapenko repetiu o feito neste sábado e venceu seu primeiro Grand Slam ao derrotar a romena Simona Halep por 2 sets a 1, de virada, com parciais de 4/6, 6/4 e 6/3.
Ela se tornou a primeira jogadora não cabeça de chave a vencer Roland Garros desde 1933, além de ser a campeã com pior ranking da história da competição – entrou no torneio como número 47 do mundo. Na quinta-feira, a jogadora de 20 anos havia se tornado a primeira tenista a se classificar à final sem ser cabeça de chave desde 1983, quando Mima Jausovec avançou, mas perdeu para a heptacampeã Chris Evert.
Ostapenko deixou claro que não tinha nada a perder na decisão e arriscou a cada ponto diante de Halep. Afinal, o favoritismo estava todo do lado da romena, cabeça de chave número 3 e pressionada por também estar em busca de seu primeiro Grand Slam da carreira.
Mas foi a estratégia de Ostapenko que deu certo. A letã encaixou bons golpes, foi ganhando confiança e venceu uma partida marcada pelos altos e baixos das duas tenistas. Com isso, faturou não somente seu primeiro título como profissional, como também o primeiro Grand Slam para uma atleta de seu país.
O jogo
Só que a partida não foi fácil para a campeã. No primeiro set, ambas as tenistas foram emendando quebra atrás de quebra, mas Halep fez valer sua experiência e passou a ser mais estável na reta final. Em um erro de Ostapenko, alcançou mais uma quebra no décimo game para fechar.
A vitória embalou Halep, que começou de forma fulminante a segunda parcial e abriu 3 a 0 logo de cara. Parecia o fim para Ostapenko, mas a letã manteve seu plano de jogo, seguiu arriscando e viu os golpes, principalmente em devoluções de saque, começarem a entrar. Ela ganhou confiança, virou e arrancou para o empate.
Na terceira parcial, as tenistas pareciam finalmente mais estabilizadas no serviço, mas foi só no início. No quarto game, Halep conseguiu a quebra e parecia novamente perto do título, mas já na sequência, Ostapenko devolveu e manteve o duelo em extremo equilíbrio.
Só que até a sorte parecia do lado da letã. No nono game, com saque de Halep e 30/40 no placar, Ostapenko tentou um winner que parecia ir para fora, mas a bola tocou na fita, mudou a trajetória e caiu rente à rede, do lado da quadra adversária. A nova quebra foi fundamental para a tenista, que viu a adversária não mais se encontrar. Com isso, a jovem de 20 anos confirmou seu saque e aproveitou um último break point, no nono game, para confirmar o título.
(Com Estadão Conteúdo)