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‘Rayssa está sob alta pressão’, diz psicólogo do COB a VEJA

Eduardo Cillo conta como anda a cabeça dos atletas brasileiros em Paris

Por Monica Weinberg, de Paris
Atualizado em 29 jul 2024, 09h28 - Publicado em 29 jul 2024, 06h26
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  • Era visível a tensão que rondava Rayssa Leal na final do skate, no domingo 27, na arena da Place de La Concorde, em Paris. Ela errou duas manobras simples bem no início e, depois da prova, com a medalha de bronze no peito, contou: “Eu fiquei nervosa com aquilo.”

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    Ela ia de uma canto ao outro com o semblante tenso e chegou a se isolar, de cabeça baixa, ao lado da pista. “Foi a hora que eu rezei e pensei: vamos em frente.” A pressão que recaía sobre a menina de 16 anos que até outro dia usava aparelho nos dentes pesou. “A expectativa sobre Rayssa é e seguirá sendo muito grande, o que trouxe uma carga extra. Ela terá de continuar a cuidar da preparação psicológica”, comenta Eduardo Cillo, à frente de um pelotão de vinte profissionais no Comitê Olímpico Brasileiro (COB) às voltas com a cabeça da turma na batalha por medalhas.

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    Ele explica que, quando a expectativa é tão alta como a de um ouro, a pressão cresce na mesma medida. “E ela tem só 16 anos, ainda está aprendendo a lidar com essa pressão”, diz, lembrando que suas oponentes, as duas japonesas que levaram ouro e prata, têm um preparo psicológico especialmente elevado.

    DA EUFORIA À ANSIEDADE

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    A saúde mental dos atletas persistiu por muito tempo como um assunto impronunciável, daqueles que se cristalizam em forma de tabu. Mas isso vem progressivamente mudando, movimento impulsionado por depoimentos de gente como a ginasta Simone Biles, que já reveste de brilho o tablado da arena de Bercy, nos Jogos de Paris. “Sei que falar do problema ajuda as pessoas”, disse Biles, que, ao sofrer um bloqueio mental, resolveu sair de cena no meio dos Jogos de Tóquio e se tratar.

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    Eduardo Cillo, à frente de um pelotão de vinte profissionais no Comitê Olímpico Brasileiro (COB) (Reprodução/Reprodução)

    Doutor em psicologia esportiva, Cillo avalia que a situação dos atletas brasileiro em Paris está sob controle, mas há uma curva a ser observada: “Eles ficam animados quando se classificam, perto da Olimpíada bate uma euforia e, na véspera das provas, a ansiedade aumenta e é preciso prestar atenção”, explica.

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    Por isso, defende um zelo com a mente em um horizonte mais dilatado, de forma permanente. “Não é desejável o atendimento só na hora da crise, quando há pouco que se fazer”, diz. As estatísticas vêm se mostrando favoráveis nesse sentido: dos quase 280 competidores em Paris, mais de cem vêm tratando da saúde mental bem antes de Paris. “Tem atleta que até trouxe seu próprio psicólogo para cá”, caso de Rayssa, lembra.

    À ESPREITA NA ÁRVORE

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    Há quase três décadas na área e com passagens diversas por clubes de futebol, ele nota que a barreira para cutucar o tema vem se dissolvendo. “São poucos os que ainda têm vergonha de procurar ajuda na frente dos outros, como vemos em Paris”, avalia.

    No futebol, o tabu parecia mais impermeável, mas mesmo ali há evoluções visíveis. Não faz muito tempo, era difícil achar jogador que reconhecesse suas próprias fragilidades. Cillo fala de uma vez em que foi abordado na rua por um craque (só não pode revelar o nome), que de repente saiu de trás de uma árvore, pedindo: “Me ajuda?”

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    Pois mesmo os que iam atrás de ajuda manifestavam preconceito em relação à ideia de tocar nas questões da mente. Um atraso que, segundo ele, foi sacudido pelos novos ventos. “Atualmente, 14 dos 20 clubes da série A têm psicólogos. Há três anos, eram só quatro”, diz, dando uma boa medida do avanço.

    ATENÇÃO, MEDALHISTAS

    Quanto maior é a expectativa por pódios e medalhas, naturalmente mais potente fica a pressão. “Damos a esses que estão mais nos holofotes uma atenção diferente”, revela o psicologo. “O passo número 1 é sedimentar neles a compreensão de que, mesmo flertando todos os dias com o limite, não são super-heróis, mas humanos.”

    Na véspera das provas, a conversa tem enveredado por um esforço de imaginar todos os cenários, bons e ruins, freando o turbilhão de emoções. Com a cabeça no lugar, as chances de ganhar uma daquelas medalhas que contêm um pedacinho da Torre Eiffel certamente aumentam. E quem não quer um souvenir desses em casa?

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