Não foi dessa vez. O Fluminense perdeu para o Manchester City por 4 a 0 e saiu da Arábia Saudita sem o título mundial da clubes. Manteve-se a insistente escrita: a mais recente equipe brasileira a erguer o troféu foi o Corinthians de Tite, Guerrero e Cássio, em 2012 – de lá para cá, houve total supremacia europeia.
Antes da partida desta sexta-feira, 22, em Jedá, havia alguma esperança de vitória dos tricolores das Laranjeiras. Afinal, os citizens foram a campo sem o genial meia De Bruyne, o artilheiro Haaland e o atacante Doku, lesionados. Haveria, portanto, alguma chance de equilíbrio. Mas não. Logo aos 50 segundos de jogo, o argentino Julian Álvarez fez 1 a 0. O segundo tempo virou em 2 a 0. As ilusões pareciam inapelavelmente perdidas. A conquista inglesa amplia ainda mais o imenso fosso entre a qualidade do rico futebol praticado na Europa, moderno e renovado, e o da América do Sul, pobre e envelhecido. Distância que, aliás, se reflete também no desempenho da Seleção Brasileira.
Diniz x Guardiola
Um outro modo de medir o tamanho da derrota é olhar para os treinadores de lado a lado. Não há dúvida, Fernando Diniz – que divide o emprego do clube carioca com a canarinho –sabe o que faz, gosta de jogar para a frente, mas tem defeitos. Pep Guardiola, treinador do Manchester City, o reinventor do futebol, mexe as peças como quem joga xadrez. E funciona. Para quem acompanha as táticas do esporte: Diniz pratica o chamado esquema “aposicional”. Nele, os jogadores circulam pelo campo, trocam de posições, é bonito – mas, invariavelmente, abrem-se buracos, especialmente na defesa, como se viu. Guardiola é o gênio do esquema “posicional”, pelo qual todos os espaços do gramado têm sempre um ou dois a ocupá-lo. Funcionou, ao menos na final do Mundial, com plasticidade e leveza, embora sem espetáculo. No duelo tático, apesar do aparente equilíbrio antes do apito inicial, venceu o catalão.
Houve, agora, baile como aquele imposto pelo Barcelona dirigido por… por Guardiola em 2011, ao golear também por 4 a 0 o Santos de Muricy e Neymar – e Ganso, então com a camisa branca do Peixe. Ficou, novamente, o travo amargo da impossibilidade. O futuro, enfim, parece complicado para os brasileiros. Em 2024, em novo formato, a Copa Intercontinental substituirá o Mundial de Clubes. O vencedor da Champions League europeia segue direto para a partida final. O adversário sairá de um mata-mata entre os campeões de outros continentes. E então, em 2025, ficará ainda mais difícil, em um torneio com 32 times, doze dos quais da Europa. O Fluminense terá perdido a derradeira chance?