O zagueiro Neto, da Chapecoense, concedeu entrevista nesta terça-feira, na Arena Condá, em Chapecó, e demonstrou incrível grandeza ao falar sobre o acidente que matou 71 pessoas, incluindo quase todos os seus companheiros, na Colômbia, em 29 de novembro. Apesar de ter perdido amigos e ter ficado à beira da morte após a tragédia, o defensor diz não sentir raiva dos responsáveis pela queda do avião da LaMia, que transportava a delegação da Chapecoense.
“Tenho coragem para seguir em frente. Não tenho raiva de ninguém. O que aconteceu foi uma loucura. Eu me lembro muito bem o que aconteceu no avião. Nós estávamos tranquilos, mas não tenho raiva do que o piloto fez. Eu consigo entender que a vida não é só isso para cada um de nós. A vida é curta, passa rápido”, declarou o jogador, último sobrevivente a ser resgatado, cerca de oito horas depois da queda do avião.
Neto se referiu especificamente ao boliviano Miguel Quiroga, um dos sócios da LaMia e piloto do avião que caiu próximo a Medellín. Miguel foi um dos mortos no acidente, mas recentemente uma investigação do governo boliviano culpou a empresa e o piloto pelo ocorrido, além de ter iniciado um inquérito para investigar diversos outros representantes da LaMia e responsáveis pela fiscalização dos serviços aéreos no país.
Demonstrando melhora em seu tratamento, Neto disse pensar no futuro da equipe catarinense, mas evitou se colocar como um líder da reconstrução do time. “Ainda não consigo ter este parâmetro do que eu represento para o clube. Estou aqui há dois anos e fui importante para o clube com conquistas, com atuações em jogos difíceis. Mas o que eu estou passando ainda é muito novo para mim. As pessoas dizem que eu represento a todos que se foram, jogadores, comissão técnica, diretoria. Eu sinto isso também. O que eu posso fazer é passar força quando os que ficaram se sentirem desanimados.”
Com a recuperação evoluindo bem, o prognóstico é de que Neto possa voltar a atuar em cerca de 120 dias. O zagueiro, porém, evita cravar que voltará a jogar. “Os médicos disseram que até metade do ano posso voltar. Tem a questão do meu joelho, onde tive a cirurgia no tendão e alguns ligamentos que romperam e eu preciso ver se vai recuperar ou não. Não adianta ficar ansioso, tenho que fazer tudo que precisa ser feito. Preciso ganhar massa, ganhar força. Sei que vou ficar bom.”
(com Gazeta Press)