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MPF pede prisão preventiva de Carlos Nuzman

Procuradores afirmam que presidente licenciado do COB poderia atuar para atrapalhar as investigações e movimentar recursos no exterior

Por João Pedroso de Campos Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 9 out 2017, 18h02 - Publicado em 9 out 2017, 16h49
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  • Preso temporariamente desde a última quinta-feira, na segunda fase da Operação Unfair Play, o presidente afastado do Comitê Olímpico do Brasil (COB), Carlos Arthur Nuzman, teve a prisão preventiva pedida nesta segunda-feira pelo Ministério Público Federal (MPF) do Rio de Janeiro. Os procuradores alegam ao juiz federal Marcelo Bretas que, caso seja solto ao fim dos cinco dias de prisão temporária, o dirigente poderia agir para obstruir as investigações e movimentar recursos no exterior. Os investigadores também pediram a prorrogação da prisão do ex-diretor-geral de operações do Comitê Rio-2016, Leonardo Gryner, por mais cinco dias.

    Nuzman e Gryner são apontados pelas investigações da Lava Jato no Rio como intermediários do pagamento de 2 milhões de reais ao senegalês Lamine Diack, presidente da Associação Internacional das Federações de Atletismo (IAAF, na sigla em inglês), que, em troca do dinheiro, votaria pela candidatura do Rio a sede da Olimpíada de 2016 e influenciaria outros membros africanos do Comitê Olímpico Internacional (COI) a fazer o mesmo.

    Conforme as apurações, o pagamento foi feito a Papa Massata Diack, filho do dirigente, pelo empresário Arthur César de Menezes Soares Filho, o “Rei Arthur”, cujas empresas chegaram a ter 3 bilhões de reais em contratos com o governo do Rio de Janeiro durante a gestão do ex-governador Sérgio Cabral (PMDB). Alvo da primeira fase da Unfair Play, assim como Nuzman, Soares vive em Miami e é considerado foragido pelas autoridades brasileiras.

    No pedido de prisão preventiva, os procuradores do MPF relatam a Bretas que, por “por problemas técnicos não esclarecidos”, não conseguiram quebrar o sigilo telemático do e-mail de Maria Celeste de Lourdes Campos Pedroso, ex-funcionária do COB que recebeu e-mails de Papa Diack com cobranças pelo dinheiro.

    O MPF também cita que, entre a primeira fase da Unfair Play, quando Nuzman foi alvo de um mandado de condução coercitiva, e a segunda fase, o dirigente selecionou e imprimiu e-mails enviados por Diack a Maria Celeste e que poderiam incriminá-lo. Em uma das mensagens impressas encontradas no quarto de Carlos Nuzman, o senegalês diz à ex-funcionária do COB que seu banco no país africano “ainda não recebeu nenhuma transferência SWIFT” e, por isso, tentou “muitas vezes” falar com Leonardo Gryner.

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    Em razão da influência de Nuzman “não apenas sobre o Comitê em si, mas também sobre todas as pessoas que lá trabalham”, os investigadores sustentam que é preciso “preservar o ambiente de coleta livre de sua atuação e interferência, o que certamente restaria prejudicado com a liberdade de Carlos Nuzman”. Para o MPF, o afastamento do dirigente da instituição é “absolutamente insuficiente para impedir que atue no sentido de interferir na produção de provas”.

    Ainda conforme os procuradores da Lava Jato no Rio, um pedido de cooperação internacional com a Suíça busca identificar patrimônio ocultado por Carlos Nuzman em um cofre em Genebra. O MPF sustenta que o cartola poderia manter no país europeu valores maiores do que as dezesseis barras de ouro de 1 quilo cada uma declaradas por ele à Receita Federal após a primeira fase da Unfair Play.

    “A diligência em questão pode ser evidentemente prejudicada pelo acesso ao referido cofre e movimentação dos bens lá armazenados”, argumentam os procuradores.

    Quanto a Leonardo Gryner, o MPF também justifica o pedido de prorrogação da sua prisão temporária a partir de uma possível atuação dele para atrapalhar as apurações, sobretudo em relação aos e-mails de Maria Celeste Campos, e à necessidade de analisar documentos e o celular apreendidos com Gryner na semana passada.

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