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Judocas refugiados, a luta para serem vistos na TV

Eles fugiram da guerra no Congo e perderam o contato com suas famílias. Torcem para que seus pais os tenham visto competindo hoje e façam contato

Por Cecília Ritto Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 30 jul 2020, 21h02 - Publicado em 10 ago 2016, 12h49

A maior recompensa de anos de treinamento para uma Olimpíada é a medalha. Isso para quase todo mundo, literalmente. No caso de dois judocas do Congo refugiados no Rio de Janeiro, porém, a premiação não será de ouro, prata ou bronze. Yolande Mabika e Popole Misenga, que lutaram na manhã desta quarta-feira (e perderam), sonham que seus pais os vejam em ação, pela TV, e mandem notícias de onde estão.

A dupla de judocas deixou o Congo em 2013 para disputar no Brasil o mundial de judô. Nesta época, competiam, voltavam e ficavam trancados em um quarto, sem comida, por decisão da comissão técnica. Yolande e Popole decidiram fugir. Desde então moram no Rio e nunca mais tiveram contato com a família, ainda em meio a uma das mais longas e violentas guerra civis. Não sabem sequer se sobreviveram. Aparecer na televisão à vista do mundo significa, para os dois, mostrar aos pais e irmãos que estão vivos — e esperar que algum deles entre em contato.

Eles foram acolhidos pela Cáritas, entidade da igreja católica que cuida de abrigar os excluídos, e, depois, levados ao projeto social que treina judocas, onde Rafaela Silva, a medalhista de ouro do Brasil, também frequenta. Lá estava Geraldo Bernardes, ex-treinador da seleção masculina, com a experiência de quatro olimpíadas no currículo. Há um ano e quatro meses os dois começaram a treinar com ele.

Eles revelavam um comportamento agressivo mesmo fora do tatame, jogando ao chão os colegas de judô, que passaram a vê-los com antipatia. Em uma conversa difícil, em que Yolande e Popole quase não falavam português, Geraldo, o técnico, entendeu que eles vinham de um cenário de profunda escassez e violência. Se perdessem uma luta, eram trancados em uma jaula tendo direito à metade da alimentação. Foram se aclimatando ao Brasil e ganhando, ao longo dos meses, o respeito dos outros judocas.

“A maior medalha eu já carrego no peito, que é treiná-los, levá-los a uma Olimpíada e os fazer sentir gente”, disse Geraldo ao site de Veja. Ele é como um pai para os dois. Ajuda a tirar passaporte, marca ida ao médico, resolve problemas em cartões de crédito, socorre no pagamento do aluguel e até dá as mãos a Popole quando o judoca está em sessões de acupuntura com medo das agulhas. “São como filhos”, afirma. Hoje, os atletas fazem aulas de português e já conseguem se comunicar. Moram na Zona Norte e sobrevivem com a ajuda do Comitê Olímpico Internacional (COI). Estão na torcida para que a aparição desta quarta faça surgir algum patrocínio. E que a família dê sinais de vida.

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