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Diego Hypólito: chorão, sim, e daí?

Depois da medalha de prata e de muitas lágrimas, ginasta quer comer chocolate, cantar sertanejo no karaokê e viajar para a Disney

Por Juliana Linhares e Monica Weinberg
Atualizado em 21 ago 2016, 09h57 - Publicado em 19 ago 2016, 22h10
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  • Às margens do tablado, Diego Hypólito assistiu aos tropeços de duas lendas da ginástica artística, os japoneses Kenzo Shirai e Kohei Uchimura. Mastigava os dedos, triturava as unhas, caminhava de lá para cá. Quando chegou sua vez, rezou um Pai-Nosso, puxou o ar e soltou-o com força, encarou seu solo e levou a prata olímpica, abrindo o sorriso mais alvo de toda a arena carioca. Aos 30 anos, Diego — o Dig, ou ainda Di — é cheio de surpresas. A brancura na boca se deve a lentes de contato dentárias, os cabelos são imóveis em razão do uso de laquê e a pele sem marcas é resultado de muito cuidado. E mais: ele é o rei do karaokê, tem treze cachorros com nome de ginasta (Zanetti é o mais bravo) e não dirige devido às dores que sente no corpo o tempo todo. “A ginástica já me levou ao fundo do poço, mas sem ela eu não seria nada”, disse Diego a VEJA, agarrado à sua prata.

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    Antes de pisar no tablado, no domingo 14, ele sabia que estava no páreo, mas sua história de derrotas em Olimpíadas pesava. Em 2008, campeão mundial, chegou jovem e como favorito aos Jogos de Pequim. No solo, executava seus exercícios com maestria até que, na derradeira diagonal, teve a sensação de que a medalha estava na mão. Seu técnico já comemorava. Diego perdeu a concentração, desequilibrou-se e caiu sentado. “Eu me senti um lixo”, resume. De volta ao Rio, foi abordado em uma boate por um ex-fã, que lhe aplicou um tapa na cara. Mesmo desacreditado, não desistiu de tentar um pódio em Londres, em 2012.

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    Seria ainda pior. Durante a apresentação, Diego tombou de cara, e afundou em uma depressão tão aguda que o levou a ser internado numa clínica psiquiátrica, onde ficou sedado quase o tempo todo. Permaneceu nas trevas uns quatro meses. “Ele não saía, não dormia, não conseguia ficar sozinho”, lembra o irmão, Edson Hypólito, 34 anos, ex-ginasta e ex-técnico. À base de muita medicação e terapia (que achava “coisa de louco” mas faz até hoje), conseguiu aos poucos retomar as atividades. Porém, sem os holofotes de antes. Era frequentemente o segundo reserva do time. Ouviu que jamais venceria em uma Olimpíada.

    Lesões e cirurgias são indissociáveis da carreira de atletas, e os ginastas superam qualquer um nesse campo. Diego extrapola a curva. De 2005 a 2012, período em que enfrentou os fracassos de Pequim e Londres, submeteu-se a dez cirurgias: duas de hérnia, duas no joelho direito, três no pé direito, uma no esquerdo e duas no ombro. Para se recuperar, ficou cinco de sete anos parado. A cirurgia mais séria foi a do pé esquerdo — trata-se de uma operação de alto risco, pela qual só cinco atletas passaram. Ele procurou um especialista na Suíça. Se desse errado, nunca mais voltaria às piruetas.

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    Diego tem gênio forte, por vezes ingovernável. “Sempre fui além do limite do meu corpo”, reconhece. “Ele treina mesmo machucado. Nunca vi um atleta aguentar tanto a dor”, diz o técnico-­chefe da seleção masculina, Renato Araújo, que o acompanhou por duas décadas. Renato foi sucedido por Fernando de Carvalho, que acabou afastado às vésperas dos Jogos sob suspeita de abuso sexual de um aluno. Poderia ter sido um tsunami na preparação olímpica de Diego, mas quem assumiu o posto foi o técnico linha-dura de Arthur Zanetti (que também ganhou a prata, nas argolas). Funcionou.

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