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‘Coming home’? Por que esta pode ser, enfim, a geração do bi inglês

Inglaterra ganha casca após decepções e, com jovens talentos como Bellingham, Foden e Saka, e a liderança de Kane, mostra sua força no Catar

Por Luiz Felipe Castro Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 4 dez 2022, 19h16 - Publicado em 4 dez 2022, 18h30
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  • AL KHOR – Desde que o elegante zagueiro Bobby Moore ergueu a taça Jules Rimet, sob olhares de uma jovem rainha Elizabeth II e de uma multidão de torcedores em Wembley, em 1966, os criadores do futebol seguem sonhando com uma nova conquista internacional. Durante muito tempo, as melhores lembranças da seleção da Inglaterra foram os gols e dribles do maluco-beleza Paul Gascoigne, nas campanhas do Mundial de 1990 e da Euro-1996, ambas encerradas na semifinal. Nos anos 2000, a decepção foi proporcional à expectativa provocada por nomes como Michael Owen, David Beckham, Wayne Rooney, Frank Lampard e Steven Gerrard. Eis que uma nova leva de talentos novamente faz ecoar os cânticos de Football is Coming Home (O futebol está voltando para casa), da banda local Lightning Seeds. E há motivos para crer que a epopeia do English Team se dará na Copa do Catar.

    O triunfo por 3 a 0 deste domingo, 4, sobre a valente seleção de Senegal, no estádio Al Bayt, consolidou a condição da Inglaterra de melhor equipe da Copa até o momento. Invicta na primeira fase, é o time que mais fez gols (12, três a mais que seu próximo adversário, a atual campeã França). No Catar, o time abandonou o esquema 3-5-2 dos últimos anos e encontrou um padrão confiável em um 4-3-3 bem definido. Para além dos números, a razão para o otimismo inglês se sustenta em três pilares: o surgimento de novos talentos, a experiência de seus atletas na melhor liga do planeta e, sobretudo, a “casca” adquirida nas últimas campanhas.

    Se em 2018 o quarto lugar na Copa da Rússia soou como uma grande surpresa, quase que como obra do acaso de um sorteio favorável e da presença de um atacante de primeiríssima linha como Harry Kane, artilheiro do torneio com seis bolas na rede, desta vez a Inglaterra parece brigar para valer pela taça.

    O vice-campeonato na Eurocopa de 2020 (jogada em 2021), com derrota em pleno Wembley para a Itália, deixou dolorosas marcas na equipe. Mas são frustrações como essas que forjam times campeões, basta lembrar que o mesmo aconteceu com a França, derrotada de forma surpreendente em casa por Portugal na decisão da Euro de 2016, dois anos antes de faturar o bimundial em Moscou.

    Dois dos destaques deste Mundial sofreram especialmente naquela Eurocopa: Marcus Rashford e Bukayo Saka, ambos negros, que desperdiçaram as penalidades diante da Itália e foram alvo de odiosos ataques racistas – mas também de ondas de apoio de colegas de profissão e fãs ao redor da ilha. O próprio técnico da equipe, Gareth Southgate, sabe bem como é se reerguer dos ataques. Em 1996, foi ele quem desperdiçou um pênalti na na semifinal da Euro diante Alemanha e foi apontado como culpado pela eliminação.

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    Bukayo Saka foi consolado pelo técnico Gareth Southgate após o pênalti decisivo perdido -
    Bukayo Saka foi consolado pelo técnico Gareth Southgate após o pênalti decisivo perdido – (Laurence Griffiths/Getty Images)

    Além de Rashford, de 25 anos, do Manchester United, Bukayo Saka, de 22, do Arsenal, o time de 2022 conta com duas joias com potencial de fazer história. O ponta Phil Foden, de 22 anos, e, sobretudo o meio-campista Jude Bellingham, de apenas 19 anos, já uma estrela do Borussia Dortmund e favoritíssimo ao prêmio de sensação da Copa do Catar.

    Foden chegou a ser tratado por Pep Guardiola, seu técnico no Manchester City, como “o mais talentoso que já vi”, em declaração dada em 2019. Depois de colocar tamanha pressão no garoto, o catalão se corrigiu: “Messi é o número 1. Mas me referia à idade, eu não conheci Messi com 17 anos.” Guardadas as devidas proporções, o garoto revelado pelos Citizens tem mesmo características semelhantes ao gênio argentino: a bola colada ao pé canhoto, visão de jogo e personalidade para decidir jogos.

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    Já Bellingham parece ter potencial para ser o craque do time por mais de uma década. Sua elegância, as passadas largas e sobretudo a qualidade para entrar na área e finalizar ou dar assistências faz dele uma joia rara, uma espécie de Lampard melhorado. Ainda é cedo, mas é nos pés deste garoto revelado pelo Birmingham que passam as maiores aspirações britânicas.

    “Jude é um jogador fantástico, tem tudo com e sem a bola, corre muito, e tem uma maturidade incrível para sua idade”, exaltou a outra grande arma da equipe, Harry Kane, após partida. O camisa 9 está a apenas um gol de alcançar o recorde de 53 bolas na rede estabelecido por Wayne Rooney, o maior artilheiro da história do English Team. Com técnica suficiente para sair da área e armar jogadas, o ídolo do Tottenham já tem três assistências neste Mundial. E ganhou confiança após desencantar contra Senegal.

    ‘Coming home’? Por que esta pode ser, enfim, a geração do bi inglês
    Pickford: enfim um goleiro confiável – (Carlos Garcia Rawlins/Reuters/VEJA)
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    Coadjuvantes de respeito como o goleiro Jordan Pickford, do Everton, (muito mais confiável que seus antecessores), Jordan Henderson (o capitão do Liverpool) e até mesmo o tão criticado zagueiro Harry Maguire, do Manchester United, que novamente faz uma boa campanha pela seleção, completam os motivos para otimismo.

    Tudo isso pode ir por água abaixo diante da favorita França, do imparável Kylian Mbappé e companhia no próximo dia 10. Mas não há como negar que esta Inglaterra, enfim, permite a seus torcedores sonhar com uma nova volta para casa do troféu mais desejado do planeta. “Se queremos ser campeões do mundo, temos que encarar os melhores times”, disse após a partida, sem medo, o artilheiro Kane, talvez o maior jogador da história a jamais ter erguido um troféu na carreira.

    Kane marcou um dos gols da vitória inglesa -
    Kane, lenda do Tottenham, ainda persegue um título na carreira  – (Ricardo Corrêa/Placar)

     

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