Dirigentes de 15 confederações esportivas derrubaram uma das principais mudanças previstas para o novo estatuto do Comitê Olímpico do Brasil (COB), aprovado em Assembleia Geral nesta quarta-feira, na sede da entidade, no Rio. Com direito à impugnação de um voto contrário, eles determinaram que os atletas terão direito a apenas cinco votos nas assembleias do comitê a partir de agora. O texto que foi a votação, defendido por entidades ligadas a atletas e pela própria comissão estatuinte, previa 12. A proposta de redução de 12 para 5 partiu da confederação de tiro esportivo e ganhou apoio de metade dos votantes.
Ao todo, 28 das atuais 30 confederações que tinham vaga na assembleia mandaram representantes. Apenas a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e a de Desportos no Gelo (CBDG) não compareceram. Bernard Rajzman, representante brasileiro no Comitê Olímpico Internacional (COI) e o judoca Tiago Camilo, da comissão de atletas, também participaram da assembleia, que durou cerca de quatro horas.
Um dos votantes, Eduardo Mufarej, da confederação de rúgbi, deixou o local mais cedo, mas antes declarou seu voto em favor do aumento para 12 atletas nas assembleias. No momento da votação, houve empate em 15 a 15. Com isso, o presidente da Confederação Brasileira de Tênis de Mesa, Alaor Azevedo, que votou por cinco atletas nas assembleias, defendeu a impugnação do voto de Mufarej. E os outro 14 que votaram pela redução da representatividade prevista conseguiram o seu pleito.
A mudança frustrou membros da comissão estatuinte. “Obviamente, não foi o que a classe gostaria, que era um terço. Eles (representantes de confederações) achavam que era muito”. O argumento dos que votaram por cinco representantes é que isso representa “um aumento de 500% em relação ao que era”. Tiago Camilo lamentou a decisão e usou a própria votação como exemplo. “Eu tinha direito a apenas um voto. O que a gente quer é justamente que seja mais democrático”.
Outro membro da comissão que redigiu o novo estatuto também lamentou a decisão. “Achei ruim, por isso votei contra”, disse Marco Aurélio de Sá Ribeiro, presidente da Confederação Brasileira de Vela (CBVela). “Acho que não é o que a sociedade e todos nós esperávamos.”
Caso a votação terminasse empatada, o voto de Minerva caberia a Paulo Wanderley Teixeira, presidente do COB, que não quis comentar qual seria sua decisão, mas argumentou que a impugnação do voto do rúgbi “foi uma questão legal”. Ele admitiu a possibilidade de que o resultado termine na Justiça. “Tanto um lado como o outro poderia se sentir prejudicado”.