Deu certo a pressão feita por diversos atletas e ONGs esportivas, contrárias à decisão que limitou a cinco o número de atletas com direito a voto na Assembleia Geral do COB (Comitê Olímpico do Brasil). Nesta segunda-feira , o presidente da entidade, Paulo Wanderley, anunciou que será realizada uma nova Assembleia Extraordinária da entidade, dia 6 de dezembro. O objetivo será modificar o artigo que aumenta a representatividade dos atletas com direito a voto. Na semana passada, em uma manobra de confederações contrárias ao aumento na presença dos atletas, foi aprovada a presença de cinco atletas, contra a proposta inicial enviada à votação de 12 membros.
A expectativa é inclusive de que alguns dos dirigentes que votaram contra a presença de 12 atletas na Assembleia anterior passem a apoiar a ideia a partir do ano que vem.
Na semana passada, o presidente da confederação de rúgbi, Eduardo Mufarej, fez a declaração de seu voto, favorável ao aumento para 12 atletas, mas precisou deixar a Assembleia mais cedo. No momento em que a votação foi aberta, constatou-se o empate em 15 a 15 (são 30 confederações que votam atualmente no COB). Mas o presidente da confederação de tênis de mesa, Alaor Azevedo, pediu a anulação do voto do colega, alegando que ele não estava presente. Com isso, ele e outros 14 dirigentes votaram pela presença de 5 atletas no colégio eleitoral, em proposta que foi aprovada no novo estatuto da entidade.
Nos dias que se seguiram à Assembleia, uma forte campanha liderada por atletas e ex-atletas de peso, como o levantador Bruninho, do vôlei, Paula e Hortência (basquete), Gustavo Borges (natação), Ana Moser (vôlei) e Juninho Pernambucano (futebol), pediu para que a decisão fosse reconsiderada. As ONGs “Atletas pelo Brasil” e “Sou do Esporte”, que participaram da elaboração das sugestões para o novo estatuto, também publicaram duras notas contra a postura adotada pela nova direção do COB.
Nesta segunda-feira, a pressão aumentou ainda mais após os dirigentes contrários à ampliação do colégio eleitoral explicarem que só votaram contra pela falta de interesse dos atletas em participarem do processo no COB, segundo reportagem publicada no jornal “O Globo”. A resposta da “Atletas pelo Brasil” veio em tom forte, publicada em suas redes sociais.
“O modelo que prevaleceu por décadas, excluía e intimidava os atletas, que se calavam por medo de represálias dos dirigentes. Esta resistência de alguns dirigentes se manifesta agora por meio da desqualificação sistemática da capacidade e da vontade de participação dos atletas. No entanto, a recente mobilização dos atletas, em apoio a ampliação para 1/3 de participação na Assembleia Geral do Comitê Olímpico Brasileiro, demonstra que esta visão antiquada de alguns dirigentes não é real. Não falta vontade de participação aos atletas, falta espaço”, diz trecho do comunicado da entidade.